Justificação e a Clareza da Bíblia
por
John W. Robbins
Justificação — a Chave para a Clareza Bíblica
A Bíblia é clara e fácil de entender? A proliferação de divisões dentro do movimento protestante tem provado que os Reformadores eram muito otimistas em afirmar a clareza da Bíblia? Se ela é clara, porque há tantos cristãos professos tão incrivelmente ignorantes da Bíblia? Quando os Reformadores afirmavam que a Bíblia é clara e fácil de entender, eles não queriam dizer que ela era uniformemente assim. Obviamente, há dificuldades sobre certas partes da Bíblia que talvez não se tornem claras nesta vida. Nem os Reformadores fecharam seus olhos para o fato de que homens de erudição e perspicácia mental falham em entender a Bíblia. Entretanto, eles afirmavam a clareza da Bíblia quando vista à luz da grande doutrina reformada da justificação pela fé somente. O primeiro princípio da fé — a Bíblia somente — e seu corolário — justificação pela fé somente em Cristo — permanecem juntas. Se uma é perdida, assim também a outra. Lutero disse:
Se o artigo da justificação é perdido, perde-se toda a doutrina cristã ao mesmo tempo... Ela sozinha faz de uma pessoa um teólogo... Pois com ela vem o Espírito Santo que, por seu intermédio, ilumina o coração e a guarda no entendimento verdadeiramente correto, de forma que ela é capaz de distinguir precisa e claramente e julgar todos os outros artigos da fé, e vigorosamente sustentá-los (What Luther Says, ed. E. Plass [Concordia, 1959] Vol. 2, 702-714, 715-718).
Se estas declarações de Lutero estão corretas, elas significam haver uma razão principal pela qual a Bíblia não é clara na igreja de hoje. Perdemos de vista a verdade da justificação pela fé somente. Que esta mensagem central da Bíblia seja restaurada ao devido lugar, e a Bíblia se tornará essencialmente clara!
A Justificação Ilumina Todas as Outras Verdades
A Bíblia é a revelação do propósito e da ação salvadora do Deus santo e gracioso. Deus livrou uns poucos crentes do Dilúvio, Ló das chamas de Sodoma, Israel do cativeiro do Egito, Ezequias da ameaça de Senaqueribe, os judeus do Cativeiro na Babilônia e o salmista das conspirações de seus inimigos. Todos estes livramentos do Antigo Testamento apontam para o ato culminante de justiça quando o próprio Deus-Filho veio à Terra na carne e pessoa de Jesus Cristo. Em Jesus Cristo vemos o Deus que está com Seu povo nas enfermidades corporais, na pobreza, no sofrimento, na solidão e na morte. Em Jesus Cristo , Ele é também visto como o Deus “por nós” em face de tudo o que está contra nós. Em nossa alienação de Deus, somente ele pode nos ajudar. Deus, portanto, por amor, deixou tudo, deu tudo e sofreu tudo. Tampouco Ele falha em redimir Seu povo.
Este propósito divino, salvador, realizado por Jesus Cristo é chamado pela Bíblia “a justiça de Deus” (Romanos 1:17). Ela é eficaz para todos os que Deus escolheu salvar, assim como os atos de salvação temporal de Deus no Antigo Testamento foram eficazes para os escolhidos para serem salvos. A Bíblia toda fala sobre isto. Quando ela é lida e entendida segundo esta estrutura, sua mensagem é tão clara quanto o sol do meio-dia. Mas se o tema de Cristo e a justificação pela fé somente saem de vista ou são removidos do centro, a Bíblia perde sua clareza. Ela se torna fragmentada como um quebra-cabeça espantoso, ou deformada para tornar-se um manual de auto-ajuda, ou corrompida a ponto de sancionar quaisquer experiências religiosas bizarras, ou explorada pelos fantasiadores de acontecimentos na política internacional. Até mesmo doutrinas verdadeiras tornam-se falsas quando removidas da estrutura bíblica e colocadas no contexto não-bíblico.
No primeiro tratado escrito ao povo inglês em nome da Reforma, John Bugenhagen declarou: “Nós temos somente uma doutrina: Cristo é nossa justiça”. Isto expressou o espírito da Reforma. A ênfase dos Reformadores na “doutrina única” não significa sua ignorância de outras doutrinas essenciais, mas eles enxergavam a verdade da justificação pela fé em Cristo permeando todas as outras doutrinas. Não é bom o suficiente relegar o artigo da justificação só pela graça, por causa de Cristo somente, unicamente pela fé, a um mero artigo de fé dentre outros seis. Ele deve se tornar o centro de todas as doutrinas. A doutrina da justificação só pela fé, considerada corretamente, pressupõe ou implica as demais doutrinas bíblicas. Por exemplo:
A Trindade
A mensagem central da Bíblia sobre a justificação só pela graça, unicamente por causa de Cristo e somente por meio da fé faz a verdade da Trindade brilhar (veja Romanos 3:24-26): “... sendo justificado gratuitamente pela sua graça...”. Aqui somos levados a contemplar a fonte da salvação na mente de Deus, o santo Pai: “... através da redenção que há em Cristo Jesus [...] seu sangue...”. Isto nos aponta para o fundamento da nossa aceitação nas obras e na morte do Deus-homem, o santo Filho. “... através da fé...”. Visto que a Bíblia testifica por toda a parte que não podemos, por nós mesmos, nos achegar a Deus ou crer em Jesus Cristo , isto nos aponta para a forma pela qual a salvação é aplicada ao nosso coração pela obra de Deus, o Espírito Santo: “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3:16).
O amor eletivo de Deus-Pai, a vida e a morte de Jesus Cristo, o Deus-homem, e a fé colocada no coração por Deus-Espírito Santo ensinam a verdade da Trindade. A Trindade realiza nossa salvação.
Lei e Depravação Humana
A mensagem da graça somente, Cristo somente, e fé somente pressupõe o estado de perdição absoluta do homem. O “somente” enfatiza o fato de o pecador caído não contribuir com nada para sua salvação. O preço da redenção, o sangue do próprio Senhor da glória, deixa claro que toda obra humana comum é sem valor para obter a salvação. Graça somente significa ser aceito a despeito de ser inaceitável. Cristo somente significa que não temos absolutamente nenhuma justiça diante de Deus, senão Jesus Cristo. Fé somente significa a confissão de que a única coisa boa a nosso respeito é que Deus nos considerou bons por pura misericórdia para conosco e por pura justiça para com Jesus Cristo. O pecado custou a Adão e Eva seu lar no Paraíso e um filho tirado deles pelas mãos de um assassino. Ele custou aos judeus sua cidade amada e suas crianças (arrastadas por exércitos opressores). Mas até mesmo isto pode representar apenas de um modo vago o salário do pecado. Ele custou a Deus um sacrifício tão grande que continha todo o tesouro acumulado da eternidade. Ele entregou Seu Filho nas mãos de assassinos. Este é o único contexto — o contexto bíblico — no qual devemos tratar a doutrina da depravação humana.
Eleição
A Bíblia dá à eleição sua estrutura apropriada quando a apresenta como a eleição “em Cristo” (Efésios 1:4). A salvação é totalmente devida à iniciativa de Deus em Jesus Cristo. Ele escolhe, busca e encontra Seu povo. Nós não O escolhemos, buscamos e encontramos. Nossa salvação está fundamentada em Sua decisão prévia de salvar o povo por intermédio de Jesus Cristo. Deus elege, o Filho salva os escolhidos pelo Pai, e o Espírito concede o dom da fé a Seu povo. Portanto, a “plena certeza de fé” não descansa no estreito fio de nossas decisões instáveis ou em nossos atos pecaminosos. Nossa fé, ou obras, nunca podem contribuir para ou causar nossa eleição, visto que Deus elegeu Jesus Cristo e Seu povo nEle muito antes de chegarmos à fé. A eleição é a causa, não o resultado, de nossa fé.
O Cristo Divino e Humano
Visto que era para o homem a justificação requeria perfeita justiça, Deus- Filho teve que se tornar homem. Esta justiça aceitável a Deus deve ser humana: “Visto que a morte veio por um homem, também por um homem veio a ressurreição dos mortos” (1 Coríntios 15:21). Mas, pelo fato de o homem pecador não poder obedecer à lei, a Segunda Pessoa da Trindade se encarnou em Jesus Cristo. O que nem Deus nem o homem podiam fazer sozinhos (porque Deus não sofre e não morre, e o homem não pode viver de forma perfeita), o Deus-homem, Jesus Cristo, realizou.
Por uma Vida que não vivi,
Por uma Morte que não morri;
Na morte de Outro, na vida de Outro
Descansará minha alma eternamente.
Julgamento Final
A doutrina da recompensa e da punição final é iluminada pela cruz de Cristo. “O justo viverá por fé” (Romanos 1:17). NAquele que ressuscitou para nossa justificação (Romanos 4:25) e ascendeu corporalmente à destra gloriosa de Deus recebemos uma clara antecipação escatológica: “Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus ” (Romanos 8:1). Os santos serão “glorificados juntamente” com Cristo. Enquanto quem crê é justificado para a vida eterna, aquele que não crê já está condenado. A ira de Deus permanece sobre ele (João 3:36). Não estamos interessados em especular sobre todas as idéias fantásticas e antibíblicas, propostas por algumas pessoas, acerca da doutrina sobre o futuro. Deus nos mostrou a natureza do inferno e da morte, pois na cruz de Cristo “a ira de Deus se revela do céu contra toda impiedade e perversão dos homens que detêm a verdade pela injustiça” (Romanos 1:18). O choro de abandono de Cristo: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” foi Sua descida ao inferno. Ele não desceu ao inferno depois da morte; antes, Ele foi, como disse, com o ladrão, para o Paraíso. À medida que seguimos o corpo ferido e sem vida do Salvador até o túmulo, vemos claramente qual é o salário do pecado — a morte . A morte não é ilusória, mas é o julgamento de Deus sobre o homem pecador. Ela é tão concreta e real como a execução e sepultamento de Jesus Cristo. Ninguém falou mais do julgamento final e da horribilidade do inferno que Jesus Cristo.
Justificação Expõe Erros
Se a doutrina da justificação pela fé somente ilumina todas as outras doutrinas, ela ao mesmo tempo expõe erros. Ela é um fio de prumo divino para testar toda estrutura doutrinária. É o princípio que deve questionar radicalmente todos os nossos credos, idéias e tradições. Talvez esta seja uma das razões pelas quais a igreja professante tenha relegado a doutrina da Reforma ao segundo plano. Caso se permita que ela permaneça na frente, torna-se revolucionária e talvez perturbe o status quo . Ecclesia reformata semper reformanda * é a confissão de que a Reforma não foi terminada com Lutero e Calvino. O santuário da verdade ainda deve ser limpo de todos os erros importados durante a Idade das Trevas. Não temos razão para pressupor que a restauração tenha sido completada pelos Reformadores. O erro é como um polvo. Ele tem muitos tentáculos, mas um coração. A maioria dos livros escritos para expor os erros de certas seitas ou sistemas falsos luta tediosamente contra todos os tentáculos do povo doutrinário. Poucos o destroem eficazmente no coração com a palavra afiada da justificação somente pela fé.
Olhe como Lutero tratou o papado. Outros antes e depois dele gastaram suas energias bradando contra os abusos de Roma. Lutero disse:
Sem dúvida este único artigo [justificação], pouco a pouco, como ele começou, demoliu todo o papado, com todas as suas irmandades, perdões, ordens religiosas, relíquias, cerimônias, invocação de santos, purgatório, missas, vigílias, votos, e uma infinidade de outras abominações semelhantes... Além do mais, nós ensinamos e urgimos nada senão este artigo da justificação, que sozinho, e ao mesmo tempo, ameaçou a autoridade do Papa e devastou seu reino... Imagens e outros abusos na igreja teriam caído por si mesmos, se elas [as seitas] tivessem apenas diligentemente ensinado o artigo da justificação (Comentário sobre Gálatas, Middleton ed., 218, 219).
Lutero atravessou o complicado labirinto da teologia medieval e reduziu toda a teologia ao princípio sola fide . A igreja cristã hoje está inundada com “ismos” de todo tipo e cor. Poderíamos gastar o tempo eternamente lutando contra os tentáculos do erro, mas precisamos chegar ao coração. Todo erro está unido em sua oposição comum ao princípio da justificação só pela fé. Todo erro obscurece a luz do Evangelho. O que a igreja e o mundo desesperadamente precisam é a verdade sobre a justificação só pela fé sem o embaraço dos erros populares que a obscurecem.
Romanismo
A doutrina da justificação pela misericórdia de Deus somente, sob o fundamento do que Cristo já fez, e mediante a justificação vicária de Cristo imputada unicamente pela fé, é um “não” radical ao Romanismo. Embora os teólogos romanistas possam algumas vezes usar as palavras da Reforma ou da Bíblia, isto não significa que as palavras tenham o mesmo conteúdo. De acordo com os romanistas, “justificação pela graça” significa ser justo aos olhos de Deus porque a alma está interiormente adornada com a graça ( gratia infusa ). “Justificação por Cristo” significa ser feito justo pela real habitação da vida pura de Cristo que substituiu (interiormente) o lugar da vida impura do pecador”. “Justificação pela fé” significa que a própria fé, como qualidade, faz o crente justo aos olhos de Deus. Embora protestantes ignorantes possam aplaudir as mudanças ocorridas em Roma, na realidade nada mudou. A organização que provou ser capaz de adotar as instituições pagãs e adaptá-las para seu uso, pode também adotar os slogans do Protestantismo e adaptá-los para o próprio uso.
O princípio da Reforma da justificação pela fé somente sempre aponta para as realidades salvadoras que estão completamente fora do homem. Graça é pura misericórdia que está fora do homem, no coração de Deus. A justiça justificadora está fora do homem, por ser a obediência de Jesus Cristo ocorrida há dois mil anos. Na justificação, a justiça não é infundida, mas imputada . Ela não está no homem, que está na Terra, mas em Cristo, que está no Céu. A fé justifica, não por ter algum mérito intrínseco, mas somente por ser o único instrumento que aceita e pode aceitar o dom imputado. A justificação só pela fé significa que eu vivo no favor de Deus pela justiça encontrada em outra pessoa. Ela significa ser aceito como justo porque outro é justo. Em todo o caso ela me leva à “Rocha que é mais alta do que eu”.
No Romanismo tudo é internalizado. As palavras graça , justiça , justificação , substituição podem permanecer, mas elas não têm mais significado objetivo. A obra de Cristo por nós é substituída pela obra do Espírito Santo em nós como a causa do perdão e aceitação. A renovação interior do crente é colocada no lugar da justiça imputada de Cristo. O ato transformador de Deus no homem desloca o ato redentor de Deus pelo homem . O foco da atenção não é externo, mas interno; não no céu, à destra de Deus, mas “no fundo do coração” e na “nova vida interior”. O que permanece objetivo no Romanismo não é a obra de Cristo, mas a obra do Anticristo e seus sacerdotes, que Roma chama “a igreja”.
Consideramos Roma a cabeça de todos os “ismos” religiosos por ser a “mãe” das “abominações da Terra” (veja Apolicapse 17:5). É este sistema que mais perfeitamente sumariza todas as falsas religiões. Todo “ismo” desviado encontra seu verdadeiro lar aqui, porque o denominador comum de todas as falsas religiões é a preocupação com a vida interior do adorador.
Pentecostalismo
A verdade da justificação pela fé somente julga e condena o movimento pentecostal-carismático. Ninguém pode crer na justificação pela fé somente e ao mesmo tempo, coerentemente, subscrever os princípios básicos do Pentecostalismo.
Nós não negamos que possa haver cristãos verdadeiros ligados ao Pentecostalismo. A mente de algumas pessoas é admiravelmente confusa. Porém, há quatro pontos que devem ser destacados sobre o Pentecostalismo à luz da justificação:
1. Quando Deus justifica o pecador por causa de Cristo somente, Ele o faz atribuindo ao crente tudo o que Cristo fez em Sua santa obediência a nosso favor. Tudo o que Cristo é, toda a Sua justiça inconquistável com todos os seus méritos e heranças, pertence ao pecador necessitado que o Espírito Santo une a Cristo em fé salvadora. Este é o dom que compreende e abrange tudo o mais.
Agora, se nossos amigos pentecostais confessam conosco a magnitude deste dom de justificação, por que falam sobre a experiência de ser batizado no Espírito, como se isso fosse algo mais alto e melhor do que todas as coisas já possuídas por todo crente?
O dom Espírito Santo é somente o “penhor” (Efésios 1:13,14) da herança mediante Jesus Cristo. A graça da justificação é como a água do oceano inteiro. A experiência interior é como uma concha pequena que retém um pouco desta água. O dom reduzível à dimensão da experiência do pecador mortal não é um grande dom.
2. Quando o Pentecostalismo ensina uma experiência religiosa após a justificação e conversão, isso implica que o dom gratuito da justiça de Cristo ao crente não é suficiente para trazer o preenchimento, ou batismo, do Espírito Santo.
Mas a justificação significa que, pelo fato de a justiça de Cristo ser imputada ao crente, Deus deve não somente considerá-lo, mas tratá-lo como justo. Eu não sou um homem justo e justificado com Deus? Deus não se deleita e não ama abraçar um homem justo? O apóstolo Paulo diz que o Espírito vem com a bênção da justificação (Romanos 4:1-4; 8:1-10; Gálatas 3:1-14; Efésios 1:24; etc). A justificação que não traz o Espírito Santo abundantemente (Tito 3:5-8) não é justificação, e não mereceria que se falasse dela (geralmente o caso entre os entusiastas carismáticos).
3. Se a recepção da justiça imputada pela fé somente não traz consigo o dom abundante do Espírito, outros passos ou técnicas devem ser utilizados para obter “o melhor do céu”. Aqui a porta está aberta para um novo tipo de legalismo. As pessoas tornam-se obcecadas por receber o Espírito mesinate seus atos de “entrega absoluta”, “dedicação total”, “erradicação de si mesmo” ou “entronizar Jesus no centro da vida”. A atenção é tirada da mensagem do Evangelho de que Cristo realmente obteve o Espírito para o crente por Seus atos de entrega absoluta, dedicação total, e pela aniquilação do pecado ocorrida no Calvário (Atos 2:33; Gálatas 3:13,14; João 7:38,39).
Paulo lembra aos gálatas insensatos que o Espírito veio (Gálatas 3:2) e continua a ser dado abundantemente (Gálatas 3:5, tradução literal) pelo ouvir da fé. A pregação do Evangelho é a proclamação de como o Espírito vem ao homem mediante os atos conquistadores de Jesus a seu favor. O “galacionismo” proclama como os homens podem ganhar o Espírito.
4. A principal preocupação do Pentecostalismo é a vida interna do crente. Seu testemunho predominante é a experiência interna do Espírito e não a ação histórica de Deus em Jesus Cristo. Por esta razão, a espiritualidade Pentecostal está em harmonia fundamental com a espiritualidade católica. O Pentecostalismo é capaz de construir uma ponte para unir o abismo entre o Romanismo e o Protestantismo apóstata, mas o trânsito dessa ponte é principalmente num único sentido. Toda experiência religiosa que nega a justificação pela fé encontra sua morada somente em Roma.
Subjetivismo
A doutrina da justificação mediante a justiça imputada (fora-de-mim) nos direciona a encontrar a salvação num evento salvador completamente fora de nós. Assim como fomos constituídos pecadores pelo que Adão fez num evento histórico, assim o crente é justificado para a vida eterna pelo que Cristo fez num evento histórico (Romanos 5:18, 19). John Bunyan testificou:
Se você disser que a salvação é Cristo dentro, em oposição a Cristo fora, em vez de ensinar a verdade sobre Cristo você a estará negando; porque Cristo, Deus-homem, fora, sobre a cruz, trouxe salvação para pecadores; e crer nisto justifica a alma. Portanto, Cristo dentro ou o Espírito daquele que deu a Si mesmo como resgate, não opera a justificação mediante a alma na alma, mas leva a alma para fora de si mesma e para fora do que pode ser feito nela, para buscar salvação naquele Homem agora ausente de Seus santos na Terra...
E deveras os que seguem a Cristo corretamente devem segui-Lo para fora, à cruz fora, para justificação no Calvário fora –– isto é, devem buscar justificação mediante Sua obediência externa –– o túmulo externo, e Sua ascensão e intercessão no céu fora; e isto deve ser feito pela operação do Seu Espírito Santo prometido que mostraria estas coisas para eles, sendo enviado a seu interior com este propósito. Agora o Espírito de Cristo conduz também. Mas para onde? Ele conduz para o Cristo exterior ( The Riches of Bunyan [New York: American Tract Society, 1850] 142, 143).
A doutrina da justificação é um radical “não” ao subjetivismo religioso. Já consideramos as duas formas principais de subjetivismo religioso –– Romanismo e Pentecostalismo –– mas deve também ser dito que o movimento neo-evangélico submergiu nele também. Os neo-evangélicos internalizam ou psicologizam o Evangelho e não têm boa razão para se opor aos pentecostais ou romanistas, pois a teologia é a mesma. Não tentamos minimizar a necessidade de regeneração, de habitação do Espírito e de santidade. O que estamos contra, em nome do Evangelho, é a distorção destas coisas que as torna totalmente falsas. Por exemplo:
Novo Nascimento: O novo nascimento é uma mudança radical operada na alma pelo Espírito Santo, que leva o eleito de um estado de incredulidade para o assentimento da verdade do Evangelho. O pecador agora concorda que Cristo somente é a base da salvação. Ele vive a nova vida de fé no Filho de Deus –– continuamente confessando sua pecaminosidade, sempre confiando nos méritos de Cristo, e habitualmente obedecendo a Seus mandamentos. Se tentarmos advogar este tipo de novo nascimento, isto pode somente magnificar a glória da justiça imputada de Cristo.
Mas freqüentemente acontece que a experiência do “novo nascimento” (a regeneração nunca é experimentada, mas seus efeitos são) é colocada no lugar da justiça imputada por Cristo. A conversão torna-se o grande evento salvador ou a “obra consumada” — garantia de segurança eterna. O batismo torna-se o grande memorial e celebração da nova vida interior. A doutrina bíblica da salvação e da segurança na “justiça alheia” é absolutamente contra este conceito popular e pervertido do novo nascimento.
Cristo Dentro. A presente era requer claro discernimento da parte do povo de Deus, pois às mesmas palavras e expressões podem ser e têm sido dados significados totalmente diferentes. Temos visto como Roma pode usar os slogans da Reforma e, todavia, querer dizer algo totalmente diferente. A mesma coisa acontece com a expressão “Cristo no coração pela fé”. As pessoas têm a idéia de que Cristo vem ao coração de forma que sua experiência interior se torna “a esperança de glória”. Em vez de dirigir sua completa atenção à majestosa e incomparável Pessoa de Cristo como Senhor exaltado na sala do trono do templo celestial de Deus (Hebreus 8:1, 2; Apocalipse 11:19), eles se concentram no coração humano como verdadeira sala do trono do Senhor da glória. Certo líder de cruzadas orgulhosamente apresentou seu último convertido na cidade de Denver: “Conte-me sobre sua experiência, Harry”, disse o líder. “Jesus Cristo se tornou tão real para mim”, irradiou Harry enquanto agarrava sua enorme barriga, “porque eu o recebi em mim”. Esse tipo de expressão é desonrosa à majestade e glória do Cristo que preside à destra de Deus.
A vida cheia do Espírito. A verdade da justificação pela fé somente significa preocupação com a experiência de Cristo e não com a nossa. Isto é o que nos livra de preocupações egocêntricas para podermos viver de forma santa (Isaías 53:11).
Ela nos põe em liberdade para viver para a glória de Deus, e não para a nossa. Muito do corrente entusiasmo pela “vida cheia do Espírito” traz pouca semelhança com o testemunho do preenchimento do Espírito registrado no Novo Testamento. A desigualdade reside no entendimento totalmente diferente da obra do Espírito Santo. William Childs Robinson faz esta comparação no livro The Reformation : a rediscovery of grace [A Reforma: redescobrimento da Graça] (Eerdmans):
Realmente, os entusiastas enfatizam tanto a liberdade soberana do Espírito a ponto de separar a conexão entre a missão histórica do Espírito e de Cristo. Sua ênfase recai sobre a experiência subjetiva do Espírito no indivíduo e não na missão do Espírito de capacitar o crente para se apropriar da redenção adquirida por Cristo em Sua vida encarnada... A revelação divina objetiva de Si mesmo é a obra de Cristo; a revelação subjetiva de Deus é a obra do Espírito. O Espírito não fala de Si mesmo; Ele toma das coisas de Cristo e as mostra para nós, glorificando-O dessa forma (João 16:13-24). Ao separar esta conexão, o entusiasta deixa a si mesmo sem nenhum critério objetivo e se expõe ao perigo da espiritualidade desregrada. Em vez do conhecimento salvador de Deus revelado em Jesus Cristo , ela oferece muitas variedades de experiência religiosa, pois: “onde o Espírito Santo é separado de Cristo, mais cedo ou mais tarde, Ele é transformado num espírito totalmente diferente, o espírito do homem religioso, e finalmente no espírito humano em geral”. Como Lutero apontou, o Espírito Santo é chamado “testemunha” por testificar de Cristo e de ninguém mais. O Apóstolo declara: “Não pregamos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus nosso Senhor” (2 Coríntios 4:5)...
O verdadeiro Espírito Santo vem de Deus, do Cristo que ascendeu, e ele traz em Suas mãos o amor de Deus revelado na morte de Cristo por pecadores para derramar em nosso coração. Por isso, não é suficiente o pregador ser um gênio religioso que imagina poder despertar as possibilidades dormentes da religião no coração do ouvinte mediante a recitação de suas experiências ou de algumas outras atuais. Nem é suficiente o filósofo da religião apresentar-se como exemplo de fé ou possuidor de entendimento humano, e nem mesmo usar a crucificação de Jesus ou o apedrejamento de Estevão como estímulo para trazer a decisão existencial para um estudante. Embora estas situações possam dar a aparência de devoção a Cristo, elas não localizam a glória da salvação em Sua obra expiatória por nós. Antes, “a revelação histórica de Cristo é tratada como estímulo para a experiência espiritual subjetiva no indivíduo, não como conteúdo desta experiência”. O indivíduo espiritualista experimenta sua conversão e o fulgor espiritual resultante em lugar do “Jesus Cristo crucificado”, de forma que ao testemunhar, fala de sua nova descoberta de paz e felicidade antes de confessar Jesus como Senhor.
Representantes desta escola freqüentemente declaram que não é o nascimento em Belém, mas renascimento no coração deles que conta; não a cruz no Gólgota, mas a própria dedicação de viver pela eternidade que pelo temporário; não Sua ressurreição corporal, mas a própria fé na imortalidade. Contudo, verdadeira pregação do Espírito Santo vindo no Pentecostes leva o ouvinte a se voltar de todas as experiências para sua fonte verdadeira e apropriada; isto é, para Jesus Cristo. Ela o chama para a fé no Cristo nascido em Belém, morto pelos nossos pecados no Calvário e ressurgido dos mortos ao terceiro dia (172, 173).
Desejamos que estes comentários penetrantes do Dr. Robinson possam ser lidos e relidos por todo neo-evangélico. O que ele diz é a herança da Reforma. É a verdade da justificação pela fé somente.
Dispensacionalismo
Nossos amigos dispensacionalistas reconhecem a doutrina da justificação pela fé somente. Nosso sério apelo é a permissão para que a verdade da justificação pela fé somente, professada pelos dispensacionalistas, conclame todo o sistema e a estrutura doutrinários ao auto-exame radical.
O dispensacionalista está à vontade quando a doutrina da justificação pela fé é apenas uma entre inúmeras crenças doutrinárias. Mas é uma questão inteiramente diferente quando a justificação pela fé somente se torna central e abrangente, transformando-se no princípio hermenêutico determinante de nossa visão de resto.
Ninguém que genuína e coerentemente sustente o princípio apostólico e reformado da justificação pela fé pode ser dispensacionalista. E isto pelas seguintes razões:
1. Por todo o Novo Testamento testifica-se que Cristo é o cumprimento das esperanças e promessas do Antigo Testamento, “que a promessa que foi feita aos pais, Deus a cumpriu a nós, seus filhos, ressuscitando a Jesus” (Atos 13:32, 33). “Porque todas quantas promessas há de Deus são nele sim (cumprimento).” (2 Coríntios 1:20) Em Jesus Cristo , Deus deu um fim ao pecado, aboliu a morte, deu a Israel paz, sabedoria, saúde e justiça. NEle a antiga ordem passou e todas as coisas se tornaram novas (2 Coríntios 5:17). O Antigo Testamento declara: “Eis que dias vêm...”, e: “Porque há de acontecer...”; mas o Novo Testamento aponta para Cristo e diz: “Em verdade, em verdade vos digo que vem a hora, e agora é...”, “Hoje se cumpriu esta Escritura em vossos ouvidos”.
A menos que terem todas as promessas divinas aos judeus realmente se cumprido em Jesus Cristo , devemos admitir, juntamente com os judeus incrédulos, que Jesus não é o verdadeiro Messias. Certamente, quando Jesus voltar novamente, haverá uma revelação aberta da sua vitória ao mundo inteiro. Isto já foi realizado nEle. Nós cremos nela e a possuímos totalmente pela fé. Mas ela será abertamente revelada no final do mundo.
2. Paulo diz aos insensatos gálatas nos termos mais claros que a justificação por Cristo somente (Gálatas 2:17) é a bênção divina prometida à semente de Abraão (veja Gálatas 3). Todo judeu justificado pela justiça de Jesus Cristo recebe tudo o que Deus prometeu a Abraão e à sua posterioridade.
3. Os gentios gálatas sabiam que as promessas de Deus eram para Abraão e sua semente. Eles queriam se tornar desesperadamente parte da família de Abraão. Eles foram levados a crer que este status desejado poderia ser-lhes conferido por meio da circuncisão. Paulo ficou indignadamente impressionado. Ele lhes disse que isto era uma negação do Evangelho. Declarou que Cristo era a Semente para quem todas as promessas foram feitas (Gálatas 3:16,19). Ele é a Semente de Abraão –– isto é, o Israel de Deus personificado. Estar em Cristo é estar em Israel: “Sabei, pois, que os que são da fé são filhos de Abraão”. Poderiam existir palavras mais claras?
Como os cristãos podem, mais que todas as pessoas, encorajar os judeus a esperar alguns eventos políticos na Palestina para o comprimento de promessas do Antigo Testamento em vez de apontar para seu glorioso cumprimento na Pessoa e na obra de Jesus Cristo? A justificação pela fé em Cristo é a bênção de Abraão. Todos os que a têm são filhos de Abraão, sem distinção. Estes e ninguém mais constituem “o Israel de Deus” (Gálatas 6:16). Este é a razão pela qual a verdade da justificação é um “não” radical ao dispensacionalismo. O dispensacionalismo pode crescer somente no clima onde a doutrina da justificação não é central e todo-abrangente.
Em seu método de separar o Antigo Testamento do Novo, o dispensacionalismo tem suas raízes no movimento chamado Entusiasmo. Diz o Dr. Robinson:
Nos interesses da continuidade da Igreja, a igreja evangélica da mesma forma se opõe aos entusiastas que separam os crentes do Antigo Testamento da fé do Novo Testamento [...] a Introdução ao Antigo Testamento de Lutero mostra que esta parte da Bíblia foi também um livro de fé sobre crentes como Abraão e Davi. Bucer aceitou os patriarcas, que se apegaram às promessas, como homens de fé; Zuínglio e seu sucessor Bullinger afirmaram: “Abraão participou do pacto eterno e se regozijou”. Deus tem só um povo; nossa fé é uma unidade com a de Abraão; o Novo Pacto é a revelação adicional do Antigo Pacto. Calvino mostra que todos aos que Deus adotou à sociedade do Seu povo estão no mesmo e único pacto, pois até mesmo aos santos do Antigo Testamento foi oferecida a esperança da imortalidade, encontrada na pura misericórdia de Deus e confirmada pela mediação de Cristo ( Institutas II, x, 1-4) (171).
Perfeccionismo
A doutrina crucial do Perfeccionismo é a possibilidade real para o crente, mesmo antes de sua morte, alcançar a perfeição [...] que o crente é capaz de transcender completamente a poluição do pecado. Neste respeito há grande concordância entre o Perfeccionismo e o Catolicismo (G.C. Berkouwer, Faith and Sanctification [Grand Rapids: Eerdmans], 49, 53).
O Perfeccionismo pode assumir diversas formas –– algumas mais moderadas, como a do ensino de John Wesley, e algumas totalmente radicais, como a doutrina da perfeição sem pecado encontrada entre algumas seitas. Há a doutrina da santidade, que advoga a “segunda bênção” em que o “velho homem”, ou natureza pecaminosa, é crucificada no crente na segunda crise de experiência subseqüente à conversão. Há a doutrina da “entrega absoluta” de Andrew Murray, que propõe ser este é o caminho para receber o batismo no Espírito Santo. Há os advogados de uma vida de piedade vitoriosa sem tomar o devido reconhecimento da realidade do pecado que habita em todos os crentes. E há os que falam sobre a habitação de Cristo ou do Espírito em termos substitutivos –– isto é, como se o Espírito tomasse o comando de tal forma que Ele realmente vive a vida vitoriosa para o cristão.
A Reforma, com todos os seus grandes credos e confissões, é hostil ao Perfeccionismo por permanecer na primazia, na centralidade e completa suficiência da justificação pela fé somente. Ela não nega a necessidade ou realidade da santidade, mas reconhece também a realidade do pecado em todos os crentes.
A vida não pode ser cumprida no processo histórico, e a crente confessa que sua completude é realizada somente em Cristo (Colossenses 2:10). Os pronunciamentos autocondenatórios dos profetas e apóstolos por toda a Bíblia (Eclesiastes 7:20; Salmo 143:2; Filipenses 3:11-14; Romanos 7:14-25; Tiago 3:2; 1 João 1:8) não são escusas para o pecado, mas confissões do pecado; e toda a igreja militante deve se unir com eles na confissão de que a natureza humana é pecaminosa. A verdade bíblica da justiça pela fé somente significa que nesta vida não somos justos diante de Deus pela regeneração, pelo batismo do Espírito, pela vida nova de obediência, ou por alguma experiência interna ou obra real. Somos justos diante de Deus somente pela fé –– e “fé é a substância das coisas que se esperam, a evidência das coisas não vistas” (Hebreus 11:1). Ser interiormente perfeito não pertence à justiça da fé, mas à justiça das boas obras, da lei (Romanos 8:4). Ser justo pela fé até que Jesus venha implica que seremos pecadores até que Jesus venha, pois a justiça da fé é somente para pecadores.
“Justificação pela fé (não perfeccionismo) é realmente a única resposta para as perplexidades morais da doutrina do pecado original” (W.H. Griffith Thomas, The Principles of Theology: An Introduction to the Thirty-nine Articles, 193). É a justificação que garante nossa glorificação no final do mundo (Romanos 5:1, 2; 8:30).
Carne e Espírito devem travar um conflito amargo e duro (Gálatas 5:17), e aspiramos pela realidade da plena redenção e justiça quando Cristo vier (Romanos 8:23; Gálatas 5:5; Hebreus 11:40).
O Perfeccionismo nega a completa suficiência e centralidade, se não primazia, da justificação pela fé. Ele se torna inevitavelmente preocupado com a vida interior. Contrário à imagem que procura projetar, o perfeccionismo não é a negação do pecado, mas sua perpetuação. Ao tentar cumprir a vida e história aqui e agora, ele rouba o crente de sua esperança no lá e então.
Opcionalismo
Há um ensino, muito espalhado em alguns círculos, que diz que se uma pessoa uma vez professar ser cristã, ela não pode ser perder, mesmo que expressamente negue a fé em palavras ou conduta subseqüente. Esta idéia faz tamanha separação entre a justificação e a santificação –– e entre a santificação e a fé –– que propõe que um homem insatisfeito e incrédulo ainda pode ser justificado. Chamamos isto “opcionalismo” pois ele faz da vida de santidade –– e até mesmo da fé –– uma opção para os cristãos professos.
Caso a Bíblia ensinasse que a justificação decorresse da graça dados os fundamentos da justiça de Cristo, sem a adição da expressão “pela fé”, poderia haver alguns fundamentos para o opcionalismo. Mas a consideração apropriada da expressão instrumental “pela fé” remove totalmente essa possibilidade.
Justificação pela fé significa que só aquele que crê (tempo presente) é justificado. Na maioria dos exemplos a palavra grega para crer está no tempo presente. Quem que não crê agora não tem nenhum fundamento, de forma alguma, para supor estar, agora, justificado. O cristão é crente e não alguém que uma dia creu.
O opcionalismo não somente nega a justificação pela fé, mas ensina que a fé não é dom divino e a perseverança dos santos é falsa.
Devemos, portanto, insistir na justificação somente pela fé . Como Lutero diz: aquele que crê possui todas as coisas, e aquele que não crê não possui nada. Hebreus 11:1 chama a fé o “certificado de posse” (“substância”) . Sem a fé presente, não há “certificado de posse” para a justificação. Não negamos –– ao contrário, insistimos –– que haja segurança para o crente. Negamos haver segurança para o incrédulo.
Temos continuamente chamado a atenção para a natureza objetiva (fora-de-mim) do ato divino, gracioso, ao justificar o pecador. O ator salvador de Deus aconteceu “fora-de-mim” na obra consumada por Jesus Cristo. Além do mais, a doutrina da justificação por imputação nos ensina que salvação, justiça, segurança e vida eterna são todas fora de nós, na Pessoa de Cristo. Mas o erro aqui discutido internaliza “a obra consumada” e internaliza a segurança. Em grande parte da literatura e ensino que temos examinado, o opcionalismo iguala o acontecimento do novo nascimento com a obra consumada de Cristo e leva as pessoas a colocar sua fé na experiência interna como garantia de segurança. A base para a segurança é a memória de alguma experiência de conversão. Não é a promessa, pois ele não crêem.
Legalismo
O legalismo baseia a aceitação divina, se não em última instância, mas inicialmente, em algo dentro do homem. O cumprimento do mandamento de Deus (lei) torna-se o meio de salvação. Como o pecado, o legalismo é mais perceptível nos outros que em nós mesmos. Por constituir o espírito do homem pecaminoso, nunca estamos inteiramente livres dele, exceto pela graça.
O legalismo pode assumir uma grande variedade de formas:
Primeiro, há o tipo de legalismo que afirma a ocorrência da justificação não pela fé somente , mas pela obediência a certos mandamentos. Alguns dizem mediante a obediência aos Dez Mandamentos, enquanto outros pela obediência ao mandamento do batismo ou de outros deveres evangélicos.
Uma variedade mais sutil de legalismo é a que faz da obediência à leis “evangélicas” o meio de salvação. Em vez de realmente pregar o Evangelho do que Cristo fez para adquirir a salvação, ele prega o “evangelho” de coisas que devemos fazer –– como arrependimento, confissão, entrega, fé, batismo etc. O erro não está na defesa da necessidade de algumas destas coisas, mas na alteração da ordem da salvação. Isso leva à impressão de que a salvação vem à existência quando nós tomamos a iniciativa e fazemos estas coisas. A salvação se torna resposta divina às ações humanas. Este ramo de legalismo ensina como o homem vai a Deus. Deus não faz nada pelo pobre pecador até que ele tome os passos necessários. Muito diferente é o Evangelho, que proclama que o pecador pode se arrepender, crer e ser batizado somente porque a sua salvação já foi realizada por Jesus Cristo.
Então, há o legalismo pneumático , que advoga receber o Espírito pelo cumprimento de toda sorte de passos e condições. A condição para receber o Espírito é a justiça perfeita. O legalismo coloca esta condição nas costas do crente, enquanto o Evangelho a coloca sobre os ombros de Jesus Cristo.
O legalismo tem suas raízes na ignorância pecaminosa –– (ignorância da santidade exaltada da lei de Deus por um lado, e ignorância da corrupção profana e radical da natureza humana por outro lado). A verdade da justificação pela fé somente expõe esta ignorância radical. Ela proclama que a lei de Deus é tão estrita em suas exigências que somente a obediência dAquele que foi preenchido com a plenitude da Divindade, corporalmente, poderia satisfazer sua justiça a nosso favor. À luz da inestimável obediência de Jesus Cristo, o melhor que poderíamos oferecer à lei seria, como Lutero disse: “restolho e palha podre”.
Antinomismo
Antinomismo significa contra-o-sistema-da-lei . Ele vê a própria lei de Deus como o inimigo real. (O legalismo é, paradoxalmente, um tipo de antinomismo.) O Antinomismo propõe que pelo faro de o crente ser salvo somente pela graça, ele deve de agora em diante não ter nenhum relacionamento com a lei moral. A era do Espírito, diz-se, substituiu a era da lei.
O Antinomismo é a essência da condição humana pecaminosa: “Pecado é a transgressão da lei”, disse o apóstolo João (1 João 3:4), e Paulo declara: “a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem, em verdade, o pode ser” (Romanos 8:7).
O Antinomismo, de uma forma ou outra, é, sem dúvida, um dos principais erros nas igrejas atual.
A obediência consciente à Palavra de Deus objetiva é freqüentemente estigmatizada como legalismo. Como uma torrente inaudita de transgressões da lei, crimes e corrupção moral estão destruindo os fundamentos da sociedade, e a própria igreja se assemelha ao Sansão tosquiado diante dos Filisteus. Como pode a igreja que tem se despedaçado com sentimentos antinomistas ter qualquer palavra real do Senhor para a sociedade pecadora e permissiva? Em vez de lutar com firmeza pelos absolutos morais dos Dez Mandamentos, a igreja professa é encontrada freqüentemente acomodando a lei de Deus às normas sociais atuais.
É perigoso discutir o pecado. Quando Eva entrou em diálogo com o diabo acerca da árvore proibida, ela entregou sua única vantagem. O mero fato de dialogar foi uma concessão. Por que a Igreja tem que conversar com os ímpios sobre prós e contras do adultério e da homossexualidade? Se a Palavra de Deus não define claramente o pecado, a cada homem é permitido definir por si mesmo. O homem –– especialmente o homem religioso –– tenta tomar o lugar do próprio Deus como legislador e juiz de tudo. Este é o motivo de os antinomistas revelarem-se legalistas. Os Arminianos tendem a ser antinomistas por crer que Cristo morreu por todos os homens. A lógica de sua crença central implica a não-punição divina de ninguém.
O antinomismo precisa ser reconhecido apesar de sua plumagem variada e enganadora. Ele não afirma de maneira espalhafatosa: “Cristo morreu por nossos pecados para que pudéssemos viver como desejamos já que ele não punirá ninguém”. Isto seria excessiva e obviamente errôneo para ser engolido por alguns cristãos. A pílula letal é envolvida por uma camada de chocolate, de açúcar ou de mel; entretanto ela permanece como pílula letal.
Antes de tudo, temos que concordar com o puritano Walter Marshall, ao dizer que o legalismo é a pior forma de antinomismo. O legalismo sempre pretende honrar a lei de Deus. Todavia, não honra a lei moral, mas a desonra. A lei demanda justiça perfeita, e isto é satisfeito por nada menos que a santa obediência de Jesus Cristo. Apresentar à justiça da lei divina algo menor que a justiça perfeita de Jesus Cristo não é legal (da lei), mas ilegal (fora da lei). É inevitável que o legalista tente reduzir a lei para combinar com seu tamanho. Isto é o que os fariseus faziam. Ao tentar reduzir a lei para seu diminuto padrão, eles realmente anularam a lei mediante suas tradições. Por outro lado, Jesus magnificou a lei em proporções assustadoras. À luz de Sua exaltação da lei, devemos saber que somente nEle há a justiça com a qual a lei é satisfeita.
Mas não corramos para o erro oposto chamando o espírito de obediência consciente aos mandamentos de Deus de legalismo. Calvino estava preparado para colocar sua vida em risco para impedir que pessoas profanas participassem dos elementos da santa comunhão. Isso não era legalismo. Uma moça galesa piedosa foi dependurada numa estaca, com o consentimento de Cranmer e Ridley, por crer na obrigação de obedecer a Deus e ser batizada por imersão. Isso não foi legalismo da parte dela.
É corrupção da mensagem da graça quando pessoas pensam ter que viver como o mundo e desprezar a vida disciplinada e bem-ordenada apenas para provar que não são legalistas. Esta falta de disciplina cristã é sua forma de legalismo –– o legalismo de pensar que essa indiferença em relação à lei torna o homem agradável a Deus.
O Subjetivismo é outra forma de antinomismo, pois tende a substituir a lei objetiva de Deus pela experiência interna do “amor” ou pela “vida cheia do Espírito”. Sem a lei objetiva de Deus, o amor se torna sentimentalismo cego ou mera ética. Os superconfiantes de serem conduzidos pelo Espírito estão em perigo de confundir o espírito humano com o divino. Quem é mais difícil de convencer com o “Está escrito” do que o entusiasta intoxicado com sua experiência “no Espírito”? A Palavra objetiva nada significa para ele quando contradiz sua experiência.
A noção de que o amor ou o Espírito Santo toma o lugar da lei objetiva de Deus caminha de mãos dadas com o dispensacionalismo. Este propõe que a era da lei foi substituída pela graça, e coloca uma contra a outra. Oswald T. Allis estava certo ao escrever que o dispensacionalismo baseia-se em premissas antinomistas (Oswald T. Allis, Prophecy and the Church [Philadelphia: Presbyterian & Reformed, 1972], 37-43).
O que a grande doutrina da justificação pela fé somente diz de todas estas formas de antinomismo?
Em primeiro lugar, a graça de Deus justifica o pecador com base nos fundamentos da justiça perfeita de Jesus Cristo (Romanos 5:18, 19). Esta justiça consiste na obediência de Cristo à lei de Deus a nosso favor. Por Sua vida sem pecado Cristo cumpriu todos os preceito da lei, e por Sua morte Ele satisfez toda penalidade a favor dos que creriam nEle. Deus não salva nenhum homem por chegar perto das exigências da lei. Ele não enviou Seu Filho para enfraquecer sua força ou criar um padrão menor. Como John Flavell disse: nunca a lei de Deus foi mais honrada do que quando o Filho de Deus permaneceu diante do tribunal de justiça para fazer reparações pelo dano realizado.
Em segundo lugar, o pecador crente é pessoalmente justificado quando Deus lhe imputa a obediência perfeita de Cristo à lei. Esta é a túnica de justiça do Pai tecida no tear do Céu. É, portanto, extremamente inconcebível que o crente possa vestir a túnica do Pai enquanto despreza Sua lei. A justificação é um termo legal .
A justificação significa que o pecador crente, mediante a justiça de Cristo, satisfaz os requerimentos da lei. A salvação não é somente salvação do pecado, mas salvação para santidade. Embora nenhum homem seja salvo por sua santidade, também certa sua salvação para a santidade. Ninguém é salvo por guardar os mandamentos de Deus, mas todos salvos são salvos para a nova vida da guarda dos mandamentos de Deus. É impossível ser justificado e não santificado. Santidade não é euforia deliciosa ou o espumar e gritar extático. É a vida de obediência a Deus.
Conclusão
Os erros populares que invadem igrejas e obscurecem a clara luz do Evangelho não são tão diferentes de sua aparência superficial. Como Lutero observou sobre os Papistas e os Entusiastas: eles são como as raposas de Sansão –– têm o rabo preso, mas a cabeça aponta em direções diferentes.
Por exemplo, o Pentecostalismo e o dispensacionalismo se opõem um ao outro quanto ao entendimento sobre a era dos dons especiais do Espírito. Mas eles têm um laço em comum na negação do lugar dado pelo Novo Testamento à justificação pela fé somente. O Pentecostalismo posterga o cumprimento da promessa de Deus do dom do Espírito Santo e o dispensacionalismo o cumprimento das promessas de Deus para os judeus.
A cabeça do legalismo e do antinomismo podem apontar para direções diferentes, mas seus rabos estão amarrados. Vimos que o legalismo é a pior forma de antinomismo. Da mesma forma, o antinomismo, que substitui a lei objetiva pela condução mediante uma experiência interna, constitui o pior tipo de legalismo.
Cada ismo examinado é um afastamento radical da verdade da justificação pela fé somente.
A doutrina bíblica da justificação coloca a graça, a ação salvadora de Deus, a justificação, a perfeição, a segurança e a lei, fora do homem. A única coisa necessária ao homem é a fé, dom de Deus, que habita no coração pela operação do Espírito Santo. A fé cristã está focada fora da pessoa, ou seja, está centralizada em Cristo, para a justiça, para permanecer diante dEle, como norte, para andar diante dEle. O olho da fé vê somente a Cristo no santuário do Céu, à destra de Deus.
Começando com Roma, vimos que a marca do erro lança a verdade ao chão, internalizando-a no próprio homem. Roma internaliza a graça salvadora e a justiça salvadora. O Pentecostalismo internaliza o testemunho cristão, por testemunhar a experiência interna. O subjetivismo neo-evangélico internaliza o trono de Cristo e Sua presença substancial. O Perfeccionismo internaliza a completude do cristão. O legalismo internaliza a base de aceitação para com Deus. O antinomismo internaliza a lei. O Opcionalismo internaliza a obra consumada de Cristo e a segurança eterna.
Tudo isto é o espírito da substituição de Cristo pelo homem pecador. Eis aqui o espírito real do homem do pecado, o Anticristo, que tira o lugar do santuário de Cristo e “ lança a verdade por terra” (veja Daniel 8:11, 12). É o vinho de Babilônia pelo qual o inimigo tem confundido o povo de Deus e o mantido em cativeiro. Todavia , o mensageiro portador do Evangelho eterno, ou a verdade da justificação pela fé somente (Apocalipse 14:6), é seguido por outro, que diz: “Caiu! Caiu Babilônia...” (Apocalipse 14:8). Graças a Deus que os exércitos do maligno não têm poder para manter a igreja cativa, pois o Evangelho de Jesus Cristo quebra as fortalezas do erro. O santuário da verdade, há muito destruído e poluído pelos erros nele introduzidos, será restaurado a seu devido lugar por meio do puro ensino do Evangelho eterno.
Traduzido por: Felipe Sabino de Araújo Neto
sexta-feira, 3 de outubro de 2014
quinta-feira, 2 de outubro de 2014
A Incoerência do Livre-Arbítrio
Jorge Fernandes
Primeiro, antes de iniciar as considerações, é necessário definir alguns termos:
a) Livre-arbítrio - crença de que a vontade humana tem um poder inerente de escolha com a mesma facilidade entre alternativas. Ou seja, o poder de escolha contrária ou a liberdade da indiferença. A vontade é livre de qualquer causação necessária.
b) Autonomia - qualidade da vontade ou do intelecto que o capacita a funcionar a favor ou contra qualquer curso particular de ação, por meio disso exibindo uma capacidade inata.
Definições postas, vamos ater-nos aos pontos chaves que levam à incoerência do livre-arbítrio [1]:
A ideia do livre-arbítrio é de que dele depende a responsabilidade humana. Porém, quando se questiona a origem dessa responsabilidade, tem-se como argumento que ela procede do livre-arbítrio. Está formado o argumento circular vicioso.
Para o arminiano, Deus não atropela o livre-arbítrio, logo a vontade humana não tem causação externa. Desta forma, estão asseguradas a integridade e a responsabilidade do homem. Porém, se isso não é tolice, é presunção, porque Deus sempre fará toda a Sua vontade, e nada nem ninguém pode-lhe frustrar a vontade [Is 46.10]; ao passo que o homem é sempre escravo, seja do pecado, seja da justiça [Rm 6.17-18].
A vontade se auto-move em resposta ao que a mente conhece, e pode causar tanto a ação em resposta às influências como resisti-las. O que me leva à pergunta: se o conhecimento intelectual [aqui incluídas a moral e a ética] será o ponto de partida, o princípio avaliativo da vontade, como a vontade será livre? Esse conhecimento sempre virá de uma fonte externa e provavelmente virá como um argumento verdadeiro ou falacioso. Se o conhecimento for corrompido, manipulado ou integral, quais são as bases para que ele seja correto? Será possível eu ter esse conhecimento inato do que é certo e errado sem qualquer influência externa? E a vontade não poderá ser "induzida" pelo conhecimento adulterado? Ainda que esse conhecimento seja bíblico, no sentido das informações corretas, o intelecto pode não processá-las legitimamente, e induzir a vontade a uma escolha errada.
Para que o homem pudesse escolher "neutramente", seria necessário que não tivesse nenhum conhecimento, que sua mente fosse vazia, um ponto morto, mas aí entra a questão: como a vontade poderia se decidir sem nenhuma base? Na sorte, deixada a cargo do acaso, seria a opção. Visto a liberdade espontânea do livre-arbítrio somente nos remeter ao acaso. Mas, e como seríamos responsáveis, já que não exercemos nenhuma influência causal na decisão?
Portanto a teoria do livre-arbítrio destrói a responsabilidade em vez de apoiá-la. Como posso ser responsabilizado por ações surgidas de um livre-arbítrio que, pelo fato de ele ser livre, não está também sob o meu controle? [nem sob o controle divino também, ao ver do arminiano].
Se um argumento pode levar a vontade a se decidir, onde está a neutralidade moral? O argumento causou a escolha. A própria Bíblia deveria ser desconsiderada pelo "livrearbitrista", visto ser ela a fonte da Lei Moral, a qual estabelece o significado de bem e mal, e levá-nos a compreensão do que é a santidade e o pecado. Ela nos influenciará decididamente na escolha entre o que é santo e o que é pecaminoso. Logo, onde está a neutralidade? E ficam perguntas: Deus é neutro? As Escrituras são neutras? O mundo é neutro? Em qual aspecto da vida, seja eterna ou temporal, se percebe neutralidade moral? Ou se está sob a influência do bem, ou sob a influência do mal. Não existe nada que seja moralmente neutro, que pratique atos neutros [sem efeito algum]. Portanto é ilógico dizer que a vontade humana seja neutra, visto sê-la influenciada por Deus ou satanás. Senão, porque Davi, Isaías e Paulo diriam que todos pecaram [todos!] e destituídos estão da glória de Deus? [Sl 14.2-3; Is 59.2-11; Rm 3.23, 5.12]. Se todos pecaram, somos todos pecadores, a nossa vontade está corrompida, deteriorada, sob a influência do pecado e sem a menor possibilidade de ser neutra, e poder escolher o bem. Para que o arminiano não concorde com isso, ele terá de rejeitar a Bíblia como a palavra inspirada de Deus.
A questão não é se podemos escolher, mas como e de que forma escolhemos. E se somos pecadores, a nossa escolha será sempre na direção do pecado,"porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem, em verdade, o pode ser" [Rm 8.7]. Desta forma, a Bíblia afirma que o homem natural é um pecador, o qual é desprovido da capacidade de obedecer a Deus, tornando-o moralmente responsável, tenha ou não capacidade moral. O homem será sempre condenável diante de Deus se não obedecê-lO, ou seja, a desobediência aos princípios morais estabelecidos pelo Criador é que o tornam responsável por seus delitos. A responsabilidade moral não está baseada na capacidade moral [que o homem natural não possui] ou no livre-arbítrio [que nenhuma criatura possui], mas na autoridade e soberania de Deus que determinou a não-obediência aos Seus mandamentos como a causa pela qual o homem será condenado e tornado indesculpável.
Por isso, pode-se afirmar seguramente que o livre-arbítrio é indefensável, ilógico e não-factível. A vontade humana é livre em qual sentido? Por exemplo, um hindu que nasceu no hinduísmo e cuja família se submete ao regime de castas, e crê na divindade de um inseto, qual seria a sua capacidade natural de não escolher adorar ao inseto? Para que isso acontecesse, ele teria de ser confrontado pela verdade, e reconhecer que tanto o sistema de castas como a adoração ao inseto é uma tolice, uma mentira que o quer manter escravizado na ignorância de Deus.
Se ele não for confrontado pela verdade [e a verdade é externa], ele jamais se livrará da mentira. Por que a mentira é o que ele tem por verdade, transmitida por sua família e clã [externamente] e o influenciará a sempre pensar nos seus pressupostos como verdadeiros, quando o que tem são falsas premissas a induzi-lo ao engano.
Onde está a neutralidade para que ele possa escolher livremente? Se o livre-arbítrio é o movimento da mente em certa direção, a neutralidade poderia levá-lo a essa direção? Ou as influências externas à mente, as quais está sujeito, determinarão a sua decisão? Então, está claro que esse movimento da mente não é livre, e de que ninguém toma decisões livres, mas todas elas estão sujeitas à influência, a fatores causais.
Muitos arminianos têm certeza de que possuem o livre-arbítrio, apenas porque presumiram tê-lo; e garantem que não sofrem nenhuma espécie de influência em suas decisões "livres". Porém, fica a pergunta: quem tem a certeza de que não está sujeito, ainda que minimamente, a influências que afetariam a sua vontade? Por exemplo, estar sob o efeito de medicamentos, bactérias e vírus, ou sob a ação de partículas subatômicas ou cósmicas. Ou seja, para que essa neutralidade fosse "livre" teria que, no mínimo, ser onisciente e conhecer exautivamente tudo afim de se ter certeza de não haver alguma causa a operar sobre a vontade humana; muito antes de ser confrontado pela cosmovisão cristã. Como nenhum ser humano é onisciente e apenas Deus o é, o livre-arbítrio não pode levar jamais o homem a uma escolha neutra, sem influências ou antecedentes, sem que se detenha qualquer pressuposição.
Para que a escolha fosse neutra, era preciso que não houvesse o sentido de bem ou mal [a Lei Moral]. O hindu, sobre a influência do hinduísmo, entenderá o mal como o bem, e o bem como o mal, "fazem das trevas luz, e da luz trevas; e fazem do amargo doce, e do doce amargo!" [Is 5.20]. Por si só ele jamais poderá compreender e entender [interiormente] o significado verdadeiro e real do que é bem e mal a fim de escolher entre um e outro.
O livre-arbítrio em si mesmo não detém nem o bem nem o mal, como algo neutro manteria o indivíduo numa posição de não-escolha, de não-vontade, onde ele permaneceria num ponto vago, numa posição sem solução, incapaz de se definir, porque nada lhe é identificado; e assim, se está nesse ponto morto, como será levado a agir? Em que bases? Se é neutra, não é causada, logo, qualquer semelhança com o acaso não é mera coincidência. E se a mente é levada a agir pelo acaso, como poderá ser responsabilizada?
A afirmação, "se nós não temos o livre-arbítrio, não podemos ser responsáveis pelas nossas ações", é verdadeira? Em qual sentido? Quem a provou como verdade? E uma pergunta muito mais explícita ainda: à luz das Escrituras, qual a relação entre responsabilidade e liberdade? Onde elas aparecem, e onde estão especificadas a sua conexão?
São perguntas que o arminiano não se dispõe a responder. Para ele, basta estabelecer o axioma, e pronto. Provar, para quê?
Por essas e outras, o livre-arbítrio é incoerente, e incapaz de levar o homem a lugar algum. Como teoria autonomista não encontra respaldo bíblico, sustentando-se apenas e tão somente pelo seu apelo humanista, ou seja, antibiblicamente; porque nada mais é do que o desejo de se ter um poder para decidir independentemente, chegando à blasfêmia de se cogitar mesmo uma autonomia de Deus. O que não passa de uma estúpida pretensão ou delírio diabólico, cujo único objetivo é tornar o homem num "deus" independente e livre de Deus. O que felizmente é impossível.
Nota:
[1] Boa parte destas conclusões se devem ao livro "A Soberania Banida" de R. K. McGregor Wright, publicado pela Cultura Cristã; e diversos livros e textos de Vincent Cheung publicados pela Editora Monergismo.
Primeiro, antes de iniciar as considerações, é necessário definir alguns termos:
a) Livre-arbítrio - crença de que a vontade humana tem um poder inerente de escolha com a mesma facilidade entre alternativas. Ou seja, o poder de escolha contrária ou a liberdade da indiferença. A vontade é livre de qualquer causação necessária.
b) Autonomia - qualidade da vontade ou do intelecto que o capacita a funcionar a favor ou contra qualquer curso particular de ação, por meio disso exibindo uma capacidade inata.
Definições postas, vamos ater-nos aos pontos chaves que levam à incoerência do livre-arbítrio [1]:
A ideia do livre-arbítrio é de que dele depende a responsabilidade humana. Porém, quando se questiona a origem dessa responsabilidade, tem-se como argumento que ela procede do livre-arbítrio. Está formado o argumento circular vicioso.
Para o arminiano, Deus não atropela o livre-arbítrio, logo a vontade humana não tem causação externa. Desta forma, estão asseguradas a integridade e a responsabilidade do homem. Porém, se isso não é tolice, é presunção, porque Deus sempre fará toda a Sua vontade, e nada nem ninguém pode-lhe frustrar a vontade [Is 46.10]; ao passo que o homem é sempre escravo, seja do pecado, seja da justiça [Rm 6.17-18].
A vontade se auto-move em resposta ao que a mente conhece, e pode causar tanto a ação em resposta às influências como resisti-las. O que me leva à pergunta: se o conhecimento intelectual [aqui incluídas a moral e a ética] será o ponto de partida, o princípio avaliativo da vontade, como a vontade será livre? Esse conhecimento sempre virá de uma fonte externa e provavelmente virá como um argumento verdadeiro ou falacioso. Se o conhecimento for corrompido, manipulado ou integral, quais são as bases para que ele seja correto? Será possível eu ter esse conhecimento inato do que é certo e errado sem qualquer influência externa? E a vontade não poderá ser "induzida" pelo conhecimento adulterado? Ainda que esse conhecimento seja bíblico, no sentido das informações corretas, o intelecto pode não processá-las legitimamente, e induzir a vontade a uma escolha errada.
Para que o homem pudesse escolher "neutramente", seria necessário que não tivesse nenhum conhecimento, que sua mente fosse vazia, um ponto morto, mas aí entra a questão: como a vontade poderia se decidir sem nenhuma base? Na sorte, deixada a cargo do acaso, seria a opção. Visto a liberdade espontânea do livre-arbítrio somente nos remeter ao acaso. Mas, e como seríamos responsáveis, já que não exercemos nenhuma influência causal na decisão?
Portanto a teoria do livre-arbítrio destrói a responsabilidade em vez de apoiá-la. Como posso ser responsabilizado por ações surgidas de um livre-arbítrio que, pelo fato de ele ser livre, não está também sob o meu controle? [nem sob o controle divino também, ao ver do arminiano].
Se um argumento pode levar a vontade a se decidir, onde está a neutralidade moral? O argumento causou a escolha. A própria Bíblia deveria ser desconsiderada pelo "livrearbitrista", visto ser ela a fonte da Lei Moral, a qual estabelece o significado de bem e mal, e levá-nos a compreensão do que é a santidade e o pecado. Ela nos influenciará decididamente na escolha entre o que é santo e o que é pecaminoso. Logo, onde está a neutralidade? E ficam perguntas: Deus é neutro? As Escrituras são neutras? O mundo é neutro? Em qual aspecto da vida, seja eterna ou temporal, se percebe neutralidade moral? Ou se está sob a influência do bem, ou sob a influência do mal. Não existe nada que seja moralmente neutro, que pratique atos neutros [sem efeito algum]. Portanto é ilógico dizer que a vontade humana seja neutra, visto sê-la influenciada por Deus ou satanás. Senão, porque Davi, Isaías e Paulo diriam que todos pecaram [todos!] e destituídos estão da glória de Deus? [Sl 14.2-3; Is 59.2-11; Rm 3.23, 5.12]. Se todos pecaram, somos todos pecadores, a nossa vontade está corrompida, deteriorada, sob a influência do pecado e sem a menor possibilidade de ser neutra, e poder escolher o bem. Para que o arminiano não concorde com isso, ele terá de rejeitar a Bíblia como a palavra inspirada de Deus.
A questão não é se podemos escolher, mas como e de que forma escolhemos. E se somos pecadores, a nossa escolha será sempre na direção do pecado,"porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem, em verdade, o pode ser" [Rm 8.7]. Desta forma, a Bíblia afirma que o homem natural é um pecador, o qual é desprovido da capacidade de obedecer a Deus, tornando-o moralmente responsável, tenha ou não capacidade moral. O homem será sempre condenável diante de Deus se não obedecê-lO, ou seja, a desobediência aos princípios morais estabelecidos pelo Criador é que o tornam responsável por seus delitos. A responsabilidade moral não está baseada na capacidade moral [que o homem natural não possui] ou no livre-arbítrio [que nenhuma criatura possui], mas na autoridade e soberania de Deus que determinou a não-obediência aos Seus mandamentos como a causa pela qual o homem será condenado e tornado indesculpável.
Por isso, pode-se afirmar seguramente que o livre-arbítrio é indefensável, ilógico e não-factível. A vontade humana é livre em qual sentido? Por exemplo, um hindu que nasceu no hinduísmo e cuja família se submete ao regime de castas, e crê na divindade de um inseto, qual seria a sua capacidade natural de não escolher adorar ao inseto? Para que isso acontecesse, ele teria de ser confrontado pela verdade, e reconhecer que tanto o sistema de castas como a adoração ao inseto é uma tolice, uma mentira que o quer manter escravizado na ignorância de Deus.
Se ele não for confrontado pela verdade [e a verdade é externa], ele jamais se livrará da mentira. Por que a mentira é o que ele tem por verdade, transmitida por sua família e clã [externamente] e o influenciará a sempre pensar nos seus pressupostos como verdadeiros, quando o que tem são falsas premissas a induzi-lo ao engano.
Onde está a neutralidade para que ele possa escolher livremente? Se o livre-arbítrio é o movimento da mente em certa direção, a neutralidade poderia levá-lo a essa direção? Ou as influências externas à mente, as quais está sujeito, determinarão a sua decisão? Então, está claro que esse movimento da mente não é livre, e de que ninguém toma decisões livres, mas todas elas estão sujeitas à influência, a fatores causais.
Muitos arminianos têm certeza de que possuem o livre-arbítrio, apenas porque presumiram tê-lo; e garantem que não sofrem nenhuma espécie de influência em suas decisões "livres". Porém, fica a pergunta: quem tem a certeza de que não está sujeito, ainda que minimamente, a influências que afetariam a sua vontade? Por exemplo, estar sob o efeito de medicamentos, bactérias e vírus, ou sob a ação de partículas subatômicas ou cósmicas. Ou seja, para que essa neutralidade fosse "livre" teria que, no mínimo, ser onisciente e conhecer exautivamente tudo afim de se ter certeza de não haver alguma causa a operar sobre a vontade humana; muito antes de ser confrontado pela cosmovisão cristã. Como nenhum ser humano é onisciente e apenas Deus o é, o livre-arbítrio não pode levar jamais o homem a uma escolha neutra, sem influências ou antecedentes, sem que se detenha qualquer pressuposição.
Para que a escolha fosse neutra, era preciso que não houvesse o sentido de bem ou mal [a Lei Moral]. O hindu, sobre a influência do hinduísmo, entenderá o mal como o bem, e o bem como o mal, "fazem das trevas luz, e da luz trevas; e fazem do amargo doce, e do doce amargo!" [Is 5.20]. Por si só ele jamais poderá compreender e entender [interiormente] o significado verdadeiro e real do que é bem e mal a fim de escolher entre um e outro.
O livre-arbítrio em si mesmo não detém nem o bem nem o mal, como algo neutro manteria o indivíduo numa posição de não-escolha, de não-vontade, onde ele permaneceria num ponto vago, numa posição sem solução, incapaz de se definir, porque nada lhe é identificado; e assim, se está nesse ponto morto, como será levado a agir? Em que bases? Se é neutra, não é causada, logo, qualquer semelhança com o acaso não é mera coincidência. E se a mente é levada a agir pelo acaso, como poderá ser responsabilizada?
A afirmação, "se nós não temos o livre-arbítrio, não podemos ser responsáveis pelas nossas ações", é verdadeira? Em qual sentido? Quem a provou como verdade? E uma pergunta muito mais explícita ainda: à luz das Escrituras, qual a relação entre responsabilidade e liberdade? Onde elas aparecem, e onde estão especificadas a sua conexão?
São perguntas que o arminiano não se dispõe a responder. Para ele, basta estabelecer o axioma, e pronto. Provar, para quê?
Por essas e outras, o livre-arbítrio é incoerente, e incapaz de levar o homem a lugar algum. Como teoria autonomista não encontra respaldo bíblico, sustentando-se apenas e tão somente pelo seu apelo humanista, ou seja, antibiblicamente; porque nada mais é do que o desejo de se ter um poder para decidir independentemente, chegando à blasfêmia de se cogitar mesmo uma autonomia de Deus. O que não passa de uma estúpida pretensão ou delírio diabólico, cujo único objetivo é tornar o homem num "deus" independente e livre de Deus. O que felizmente é impossível.
Nota:
[1] Boa parte destas conclusões se devem ao livro "A Soberania Banida" de R. K. McGregor Wright, publicado pela Cultura Cristã; e diversos livros e textos de Vincent Cheung publicados pela Editora Monergismo.
Os 10 pastores que não respeito e não admiro
Maus líderes existem aos montes dentro das igrejas. O joio está espalhado dentro da igreja como ensinam as Escrituras (Mt 13.26). Isso não é novidade para ninguém. Apesar de designar aqui o termo “pastores” a essas pessoas que citarei abaixo, não tenho a intenção de diminuir aqueles que fazem jus a esse termo tão lindo mostrado nas Escrituras, e que realmente pastoreiam de coração as ovelhas do Senhor. Usei esse termo somente para facilitar a identificação dessas pessoas.
Os dez pastores que não respeito e não admiro são:
01 - O que faz do púlpito um palco de shows
A exposição da Palavra é esquecida e substituída pelo talento hollywoodiano desse pastor, que explora as mais diversas técnicas para cativar os seus expectadores, fazendo do show o protagonista do culto. Ele é a estrela e não Cristo e Sua palavra. Seu púlpito é lugar de entretenimento, de show, e não de pregação, de transmissão da voz de Deus.
02 - O que explora financeiramente as ovelhas
Esse pastor é muito ambicioso e tem planos de crescimento. Porém, para a realização dos seus planos, precisa de muito dinheiro. E esse dinheiro é retirado das ovelhas, através das mais diversas técnicas de extorsão (legais). Ele não liga para o que a Bíblia ensina e inventa formas de arrecadação para realizar seus sonhos megalomaníacos. As ovelhas são iludidas, exploradas e sugadas até a última gota que podem dar.
03 - O que insiste em querer fazer a agenda de Deus
Um pastor que quer determinar lugar, dia e hora para Deus agir não merece meu respeito. Segunda: Deus age na família; terça: nas finanças; quarta: Deus dá o Espírito Santo; quinta: Deus faz conversões e sexta: Deus liberta as pessoas de demônios. Deus agora está preso em uma agenda criada pelo homem?
04 - O que ilude as pessoas com amuletos, objetos ungidos e unções que não vem de Deus
Esse pastor escraviza pessoas em crendices e superstições que não são encontradas e ordenadas na Bíblia. Desvia a fé que deveria ser unicamente no Deus soberano para objetos e unções (falsas) e extravagantes. Trabalha com a ilusão, com a ambição, com a falta de conhecimento de muitas das ovelhas que lhe ouvem.
05 - O que “profetiza” o que Deus não mandou profetizar
Usa sua influência sobre as pessoas para “profetizar” e “revelar”. Porém, não usa a Bíblia, que é a revelação e é onde se encontram as profecias de Deus para a vida de seus servos.
06 - O que faz com que seus fiéis o adorem
Ele é visto como um semideus pelos seus fiéis. O pior de tudo é que não faz nada para mudar essa situação, pois adora ser paparicado, adora status, adora demonstrar seu grande “poder” e ser ovacionado pela multidão. Seu prazer é ver multidões afluindo em sua direção com desejo de glorificá-lo.
07 - O que usa o dinheiro dos dízimos e ofertas para seu próprio enriquecimento
Esse pastor-empresário é formado e pós-graduado em enriquecimento usando a igreja. Tem fortuna e bens luxuosos, tudo adquirido com a ajuda das ofertas da igreja que, segundo diz ele, é usado para a obra de Deus. Ele engana multidões que bancam sua vida de ostentação.
08 - O que prega a teologia da prosperidade
Um pastor que diz que pobreza é maldição, que o crente verdadeiro será reconhecido pela sua prosperidade material, e outras abobrinhas sem embasamento bíblico, não merece admiração. Se a teologia da prosperidade é um câncer, esse pastor é um espalhador de doenças no meio do povo.
09 - O que usa versículos isolados da Bíblia para fundamentar doutrinas destruidoras
Esse pastor adora inventar doutrinas usando versos bíblicos isolados, cuja interpretação isolada, sem considerar contextos e outras boas regras de interpretação, favoreça seus pensamentos e desejos.
10 - O que [acha] que determina a ação de Deus
É uma piada dizer que um homem determina algo ao Todo-Poderoso, mas essa ousadia acontece. Palavras ousadas saem da boca desse pastor determinando, ordenando, exigindo que Deus faça determinadas coisas que, segundo ele, Deus tem de fazer. Coitado, não tem nem noção da besteira que faz! E o pior: ensina as pessoas a agirem também assim!
Esses são os pastores que não respeito e não admiro.
E você, tem algum pastor como os citados que não respeita e não admira?
André Sanchez
Os dez pastores que não respeito e não admiro são:
01 - O que faz do púlpito um palco de shows
A exposição da Palavra é esquecida e substituída pelo talento hollywoodiano desse pastor, que explora as mais diversas técnicas para cativar os seus expectadores, fazendo do show o protagonista do culto. Ele é a estrela e não Cristo e Sua palavra. Seu púlpito é lugar de entretenimento, de show, e não de pregação, de transmissão da voz de Deus.
02 - O que explora financeiramente as ovelhas
Esse pastor é muito ambicioso e tem planos de crescimento. Porém, para a realização dos seus planos, precisa de muito dinheiro. E esse dinheiro é retirado das ovelhas, através das mais diversas técnicas de extorsão (legais). Ele não liga para o que a Bíblia ensina e inventa formas de arrecadação para realizar seus sonhos megalomaníacos. As ovelhas são iludidas, exploradas e sugadas até a última gota que podem dar.
03 - O que insiste em querer fazer a agenda de Deus
Um pastor que quer determinar lugar, dia e hora para Deus agir não merece meu respeito. Segunda: Deus age na família; terça: nas finanças; quarta: Deus dá o Espírito Santo; quinta: Deus faz conversões e sexta: Deus liberta as pessoas de demônios. Deus agora está preso em uma agenda criada pelo homem?
04 - O que ilude as pessoas com amuletos, objetos ungidos e unções que não vem de Deus
Esse pastor escraviza pessoas em crendices e superstições que não são encontradas e ordenadas na Bíblia. Desvia a fé que deveria ser unicamente no Deus soberano para objetos e unções (falsas) e extravagantes. Trabalha com a ilusão, com a ambição, com a falta de conhecimento de muitas das ovelhas que lhe ouvem.
05 - O que “profetiza” o que Deus não mandou profetizar
Usa sua influência sobre as pessoas para “profetizar” e “revelar”. Porém, não usa a Bíblia, que é a revelação e é onde se encontram as profecias de Deus para a vida de seus servos.
06 - O que faz com que seus fiéis o adorem
Ele é visto como um semideus pelos seus fiéis. O pior de tudo é que não faz nada para mudar essa situação, pois adora ser paparicado, adora status, adora demonstrar seu grande “poder” e ser ovacionado pela multidão. Seu prazer é ver multidões afluindo em sua direção com desejo de glorificá-lo.
07 - O que usa o dinheiro dos dízimos e ofertas para seu próprio enriquecimento
Esse pastor-empresário é formado e pós-graduado em enriquecimento usando a igreja. Tem fortuna e bens luxuosos, tudo adquirido com a ajuda das ofertas da igreja que, segundo diz ele, é usado para a obra de Deus. Ele engana multidões que bancam sua vida de ostentação.
08 - O que prega a teologia da prosperidade
Um pastor que diz que pobreza é maldição, que o crente verdadeiro será reconhecido pela sua prosperidade material, e outras abobrinhas sem embasamento bíblico, não merece admiração. Se a teologia da prosperidade é um câncer, esse pastor é um espalhador de doenças no meio do povo.
09 - O que usa versículos isolados da Bíblia para fundamentar doutrinas destruidoras
Esse pastor adora inventar doutrinas usando versos bíblicos isolados, cuja interpretação isolada, sem considerar contextos e outras boas regras de interpretação, favoreça seus pensamentos e desejos.
10 - O que [acha] que determina a ação de Deus
É uma piada dizer que um homem determina algo ao Todo-Poderoso, mas essa ousadia acontece. Palavras ousadas saem da boca desse pastor determinando, ordenando, exigindo que Deus faça determinadas coisas que, segundo ele, Deus tem de fazer. Coitado, não tem nem noção da besteira que faz! E o pior: ensina as pessoas a agirem também assim!
Esses são os pastores que não respeito e não admiro.
E você, tem algum pastor como os citados que não respeita e não admira?
André Sanchez
Cinco sinais de maturidade espiritual
Deixe-me começar dizendo que não é errado para um novo crente ser imaturo, assim como não é errado para uma criança ser infantil.
Infantilidade só é irritante em um adulto. Quando uma criança de quatro anos veste uma capa, uma cueca por sobre a calça, alegando ter visão raio-x, isso é fofo. Quando seu pai faz isso, é preocupante (ou insanidade).
Quando você é um crente por muitos anos, porém, a falta de alguns desses indicadores deve ser preocupante.
Crentes maduros possuem estes 5 indicadores…
1. Um desejo por alimento sólido
É bom aproveitar o leite do evangelho em todas as refeições. Mas alguns cristãos orgulham-se de si mesmos por focar apenas no evangelho, esnobando a oferta de doutrinas mais profundas. O amor pela doutrina pode ser adquirido com o passar do tempo, mas ele sempre estará lá em um crente maduro.
O autor aos Hebreus repreende seus leitores por causa da relutância em mastigar.
Hebreus 5. 11: A esse respeito temos muitas coisas que dizer e difíceis de explicar, porquanto vos tendes tornado tardios em ouvir. 12 Pois, com efeito, quando devíeis ser mestres, atendendo ao tempo decorrido, tendes, novamente, necessidade de alguém que vos ensine, de novo, quais são os princípios elementares dos oráculos de Deus; assim vos tornastes necessitados de leite e não de alimento sólido. 13 Ora, todo aquele que se alimenta de leite é inexperiente na palavra da justiça, porque é criança. 14 Mas o alimento sólido é para os adultos, para aqueles que, pela prática, têm as suas faculdades exercitadas para discernir não somente o bem, mas também o mal.
A refeição de uma criança precisa ir ao liquidificador durante os primeiros meses dela (ou dele). Quando uma pessoa normal de 21 anos pede para a mamãe alimentá-lo com batata amassada, de colher, isso é assustador e disfuncional.
2. Uma impermeabilidade a ofensas pessoais
É raro um crente maduro se sentir ofendido. A ofensa é apropriada ao crente em qualquer ataque à glória de Deus, como quando o zelo pela casa de Deus consumiu Jesus e ele usou um chicote do Indiana Jones na corrupta zona comercial do templo por causa dos animais superfaturados.
Mas um crente maduro não fica pessoalmente ofendido de maneira tão fácil. Eles entendem que quando alguém peca contra eles, há coisas maiores em jogo do que seus próprios direitos pessoais como, por exemplo, a glória de Deus, o relacionamento do outro com Deus, etc.
Veja Paulo. Quando ele já não podia atrair uma multidão (estando preso por causa do evangelho e tal…), pregadores rivais estavam “jogando sal” em suas algemas ao pregar o evangelho em competição com Paulo. Ele não se tornou insolente. Muito pelo contrário, ele parecia animado com a notícia de que o evangelho estava sendo pregado. Isso é maturidade!
Filipenses 1.15: Alguns, efetivamente, proclamam a Cristo por inveja e porfia; outros, porém, o fazem de boa vontade; 16 estes, por amor, sabendo que estou incumbido da defesa do evangelho; 17 aqueles, contudo, pregam a Cristo, por discórdia, insinceramente, julgando suscitar tribulações às minhas cadeias. 18 Todavia, que importa? Uma vez que Cristo, de qualquer modo, está sendo pregado, quer por pretexto, quer por verdade, também com isto me regozijo, sim, sempre me regozijarei.
3. Uma consciência informada pelas Escrituras, não por opiniões
Quando você é um novo convertido, é natural ter um pêndulo oscilando em aversão a qualquer coisa associada com o seu antigo estilo de vida. Isso pode ser saudável. Mas, à medida que vai se tornando mais maduro, você vai criando uma visão mais balanceada sobre liberdade. Se Jesus diz que algo está “ok”, então você não vai ficar chateado quando alguns cristãos aproveitam essa liberdade.
Romanos 14.1: Acolhei ao que é débil na fé, não, porém, para discutir opiniões. 2 Um crê que de tudo pode comer, mas o débil como legumes; 3 quem come não despreze o que não come, e o que não come não julgue o que come, porque Deus o acolheu.
Eu amo vegetarianos – sobra mais carne pra mim. Porém, quando um crente se abstém da liberdade legal pensando que isso torna-o mais aceitável para Deus, isso é um sinal de imaturidade. Quanto mais você cresce no seu entendimento sobre graça, menos você se incomoda quando as pessoas ignoram normas religiosas feitas por homens. Você pode continuar escolhendo se abster, mas sua consciência não é atormentada pelo conhecimento de que outros cristãos participam do que você evita.
4. Uma sensação de humilde surpresa quando usado por Deus no ministério
Deus usa pecadores para fazer Seu trabalho por uma boa razão: não há mais ninguém para Ele escolher. Alguns pecadores são usados poderosamente. Um crente maduro sempre vai sentir-se humilde por sua eficácia no ministério de Deus. Frequentemente, no entanto, o mesmo privilégio vai inflar o ego de um crente imaturo.
1 Timóteo 3.6: Não seja neófito, para não suceder que se ensoberbeça e incorra na condenação do diabo.
O pressuposto de Paulo é que um novo convertido – que é mais provável de ser imaturo – quando usado no ministério de Deus, não vai possuir a sensação de surpresa e humildade que são sinais de maturidade.
Compare isso com a própria atitude de Paulo, de que ele é o principal dos pecadores, usado apenas como meio para mostrar a extensão da misericórdia de Deus (1 Tm 1.15). Ele considerava a si mesmo como improvável e inadequado vaso que foi abençoado por abrigar temporariamente o tesouro inestimável dos dons de Deus (2 Co 4.7).
5. Tendência de dar crédito a Deus pelo crescimento espiritual, não a homens
Nosso mundo é uma arena para idolatria. “American Idol” é o nome mais adequado e tributo descaradamente honesto para a nossa cultura de celebridade. Nossos corações são orientados a adular e a adorar. Um crente imaturo luta para quebrar o hábito de idolatrar pessoas. Ele meramente transfere sua adulação pelas celebridades do mundo para celebridades espirituais.
Quer seja um pedestal para o seu pastor, ou uma desordenada reverência por João Calvino, ou qualquer outro sintoma, a imaturidade falha em dar a credibilidade devida ao poder de Deus em Seu trabalho.
1 Coríntios 3.4: Quando, pois, alguém diz: Eu sou de Paulo, e outro: Eu, de Apolo, não é evidente que andais segundo os homens? 5 Quem é Apolo? E quem é Paulo? Servos por meio de quem crestes, e isto conforme o Senhor concedeu a cada um. 6 Eu plantei, Apolo regou; mas o crescimento veio de Deus. 7 De modo que nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas Deus, que dá o crescimento.
Experientes donos de cavalos de corrida têm respeito por bons jóqueis, treinadores, e veterinários, mas todos entendem que o fator principal para uma vitória é o cavalo. Respeitamos bons pregadores, escritores, comentaristas, e mentores espirituais, mas, esperançosamente, nós reconhecemos o real músculo por trás de qualquer vitória no ministério deles.
Vá com este pensamento: na minha vida, qualquer imaturidade residual em qualquer uma dessas áreas irá desembocar na minha “caixa de entrada” espiritual. Sou confortado em saber que sou uma obra em progresso e me agarro à Filipenses 1.6: Estou plenamente certo de que aquele que começou boa obra em vós há de completá-la até ao Dia de Cristo Jesus.
Clint Archer
Fonte: iPródigo
segunda-feira, 26 de maio de 2014
Como liderar uma boa reunião de oração
Por: Kevin DeYoung
Há alguns anos (não lembro se foi há três ou quatro anos), nós experimentamos transformar um culto de domingo à noite por mês em uma reunião de oração. Fico feliz em dizer que a experiência eventualmente chegou a um fim e esses cultos de oração mensais se tornaram o auge da nossa vida juntos como igreja.
Ao longo dos últimos anos, e especialmente após eu ter tuitado algo a respeito do nosso culto de oração, pessoas vieram me perguntar o que fazemos nesses cultos de oração e como eles são.
Em geral, o culto dura de 60 a 75 minutos. Nós normalmente começamos com um hino e então temos um breve sermão de 15 minutos. Nem sempre tivemos o sermão — e há um perigo do sermão acabar engolindo todo o tempo de oração — mas descobrimos que um breve sermão deixa o coração pronto para a oração e também é útil para não-cristãos que estejam visitando a igreja. O resto do culto é separado para a oração, que é normalmente liderada por mim, ou, às vezes, por um dos nossos outros pastores. Em vez de descrever em detalhes o que fizemos no culto dessa semana, pensei que seria mais útil compartilhar algumas lições que aprendemos a respeito de planejar e liderar uma reunião de oração eficaz.
1. Estabeleça um horário regular e atrativo para o culto
Se você não possui um culto de oração atualmente, você terá dificuldades de começar um em um horário novo. As pessoas já estão mais do que ocupadas. Não importa o quanto você exorte os membros, é difícil conseguir um bom número de presentes para oração na noite de sexta-feira ou de manhã cedo em algum dia. Nós temos uma reunião de oração de 30 minutos nas manhãs de terça-feira, que é fielmente frequentada por alguns membros. É um momento maravilhoso para aqueles que fazem dela uma prioridade. Mas raramente são mais do que 10 pessoas. Ao colocar o nosso culto de oração em um horário regular da igreja — que para nós era a noite de domingo, mas pode ser na noite de quarta-feira ou em outro horário — não só tornamos possível para outras pessoas comparecerem, mas enviamos um sinal de que isso é importante. Para ser justo, a frequência de nossa igreja nas noites de domingo não chega nem perto da frequência da manhã de domingo, mas calculo que tivemos 125 pessoas no nosso culto de oração na noite passada. Isso é muito melhor do que nada.
2. O pastor tem que estar envolvido
Eu lidero a maioria dos nossos cultos de oração. Raramente alguém mais lidera, além dos nossos três pastores. Isso não é porque os outros são incapazes de liderar bem. Eles são capazes, e alguns já lideraram. Mas nós queremos que as pessoas vejam que esse não é um evento descartável. O pastor não tem que ser o maior guerreiro de oração da igreja ou o único campeão da oração, mas estou convencido de que ele tem que assumir o domínio sobre a reunião de oração se quisermos que ela seja bem sucedida.
3. Use a variedade
Nossos cultos de oração são sempre diferentes. Nós já usamos várias formas e abordagens diferentes, incluindo: cantar orações, ler orações responsivamente, orar através da Escritura, ser liderado em oração, orar como um grande grupo, orar em pequenos grupos, orar através de antigas liturgias, orar através de antigos manuais de oração, orar através de confissões e aceitar pedidos de oração. Semana passada, eu conduzi a congregação na oração de confissão de Martin Bucer (com períodos de silêncio) e também na sua oração de intercessão (com períodos de oração de pequenos grupos), ambas tiradas da Liturgia de Estrasburgo.
4. Inclua as crianças
Esse tem sido um dos deleites inesperados da nossa reunião de oração. Nós temos muitas crianças na nossa igreja e muitas nos nossos cultos. Elas são participantes plenas, frequentemente orando em voz alta quando nos separamos em pequenos grupos de 8 a 15 pessoas.
5. Celebre
Nós partilhamos uma refeição após nossos cultos de oração. Algumas igrejas podem ser grandes demais para tal comunhão, mas a maioria não é. Comer pizza e sorvete juntos deixa as crianças animadas e separa a noite como um evento de comunhão esperado assim como um momento para oração. Oração é trabalho duro, faça isso da melhor maneira que puder.
6. Seja paciente
Orar em voz alta é difícil para algumas pessoas. Orar por 30-60 minutos pode parecer embaraçoso no início. Não pare. Acho que nós crescemos muito ao orarmos juntos como igreja, mas isso requer prática.
7. Mantenha o passo
Talvez, em algumas igrejas e em algumas culturas, o povo de Deus possa continuar em oração por horas a fio, mas na minha experiência neste país, nós temos que manter as coisas em movimento. Meia hora de oração pode parecer intimidador até que você divida isso em 3 minutos de oração silenciosa, 4 minutos de oração guiada, 5 minutos de oração lida, 8 minutos de oração em um grande grupo e 10 minutos de oração em pequenos grupos, orando por cinco itens separados.
8. Planeje, planeje, planeje
Eu posso dizer novamente: planeje! A maior diferença entre uma reunião vibrante e eficaz, e uma reunião enfadonha e ineficaz é o planejamento. Eu aprendi isso com Bem Patterson, tanto através de seu ensino como por meio de seu exemplo. Muitas igrejas desistem da reunião de oração porque ninguém sabia planejar uma. Pedir que as pessoas orem, uma após as outras, por 30 minutos não sustenta o interesse da maioria das pessoas. As pessoas precisam de categorias para a oração. Elas precisam de modelos para a oração. Elas precisam de limites teológicos para a oração. O pastor deve gastar um tempo significativo preparando para liderar os seus membros em oração.
9. Lembre
Tenha expectativas quando orar. E quando Deus responder a oração, lembre-se de agradecê-lo. Eu nunca esquecerei que foi logo após começarmos o nosso culto de oração mensal que Deus começou a abrir as portas para comprarmos o prédio atual da nossa igreja. Eu acho que ninguém que estava no culto esquecerá o tempo de oração que tivemos por um estudante universitário com câncer e seu casamento recém-realizado. Nós oramos por bebês pequenos e santos idosos. Nós vimos algumas pessoas serem curadas e algumas partirem para estar com o Senhor. É claro, toda igreja ora por esse tipo de coisa, mas nós temos sido abençoados por podermos orar juntos por essas pessoas.
10. Não se esqueça de orar
Ouvir pedidos de oração por 25 minutos e orar por 5 minutos é legal, mas não é realmente uma reunião de oração. Pedir que seu pastor faça um culto tradicional para os idosos pode ser uma ideia maravilhosa, mas também não é uma reunião de oração. E cantar quatro hinos, pregar por 30 minutos e depois orar pela lista dos enfermos por 10 minutos não é o que estamos falando. Certifique-se de que a sua reunião de oração seja cheia de oração.
terça-feira, 20 de maio de 2014
5 Prioridades para o seu Primeiro Dia como Pastor
5 Prioridades para o seu Primeiro Dia como Pastor
Bob Johnson
Ontem a congregação “instalou” você como o pastor da igreja. (Isso soa como algo que você faz a uma máquina de lavar louça, não é mesmo?). Houve orações, abraços, sorrisos, música, comida, fotos e agora é segunda-feira. Por onde você começa? Você sabe que precisa preparar excelentes sermões, discipular membros da igreja e fazer evangelismo. Mas como você de fato começa? O que você deveria fazer no seu primeiro dia?
Em certo sentido, você não deveria fazer absolutamente nada. Não, não fique em casa assistindo futebol. Só não pense que você precisa mudar tudo em três meses. Você pode ter o título, mas a posição de pastor é tanto conquistada quanto concedida. Há muito o que aprender a respeito da sua igreja antes de começar a fazer mudanças. Além do mais, Cristo prometeu que ele edificaria a sua igreja. Você não precisa tentar fabricar crescimento.
Com isso em mente, aqui estão cinco prioridades que você deve trazer para o seu primeiro dia de ministério.
Prioridade 1 – Aprenda tudo o que você puder sobre as suas ovelhas
(Envolvimento – 1 Pedro 5.1-4).
Você é um pastor. Bons pastores são tão próximos às suas ovelhas, que cheiram a ovelhas, e eles as conhecem pelo nome. Sugestões: Leia as minutas de assembleias administrativas passadas. Aprenda tudo o que puder sobre a fundação da igreja. Qual era a declaração doutrinária original? Houve alguma revisão da declaração ou da confissão da igreja? Se sim, por quê? A igreja já sofreu divisão? Há alguma questão não resolvida?
Torne-se familiar dos "veteranos". Eles podem dar a você grande ajuda. Questione-os sobre tradições, histórias, políticas, etc. Desenvolva perguntas para fazer a cada membro da congregação, a fim de avaliar a saúde espiritual deles. O envolvimento que você ganha — e a confiança que você conquista — pode até mesmo ser mais valioso do que a informação que você juntará.
Prioridade 2 – Gaste tempo com a sua liderança (Humildade – Filipenses 2.5-8).
Sugestões: Visite seus líderes em seus locais de trabalho. Descubra a respeito de suas famílias, sua história, seus dons e seus pontos fortes em liderança. Faça a eles as perguntas que você está planejando fazer à congregação. Pergunte a eles pelo que você pode orar, e como você pode melhor servir a igreja. Peça a avaliação deles sobre a saúde da congregação. Tenha uma lista de livros pronta para sugerir que eles leiam. Planeje um retiro com eles para que você aprenda mais sobre eles e eles sobre você. Diga a eles o que você espera aprender sobre a congregação. Discuta a história com eles. Quais eventos deveriam ser celebrados? Compartilhe as suas conversas evangelísticas. Envie e-mails para eles diariamente.
Servir os seus líderes servirá de modelo para eles sobre como servir a igreja. As primeiras pessoas que você tem de discipular são os seus líderes. Eles irão discipulá-lo também.
Prioridade 3 – Planeje a sua pregação (Os meios de Deus para o crescimento – Romanos 10.17).
Explicar e aplicar fielmente as Escrituras terá mais impacto na sua igreja do que qualquer outra coisa que você puder fazer. Pregar é a sua prioridade número 1, mas está listada aqui como número 3 por conta da progressão da linha de pensamento. A informação que você reunir influenciará no seu plano de pregação.
Visto que o evangelho é fundamental para louvor, evangelismo, discipulado, resolução de conflitos, casamentos e todas as outras situações com que a sua igreja lida, considere uma série inicial de exposições do Evangelho de Marcos ou 1 João. Esteja preparado todas as vezes que você pregar e pregue sermões excelentes.
Prioridade 4 – Encontre-se com pessoas que não estão na sua igreja
(Considerar outros – Filipenses 2.4).
Encontre-se com pastores da região. Eles podem dar a você as impressões que têm da sua igreja e informações a respeito da comunidade. Considere orar publicamente por esse pastor e sua igreja no domingo seguinte.
Encontre-se com funcionários públicos da cidade. Quais mudanças estão acontecendo na comunidade? Quais são as necessidades que eles veem nela? Existe algo pelo que você possa orar? Existe algo que a sua igreja possa fazer?
Visite os vizinhos. Apresente-se às pessoas à sua volta. É impressionante o quanto você pode aprender, e ainda poderá conquistar muita confiança da qual vai precisar.
Embora as informações que você reunir desses indivíduos venham a ser úteis, procurá-los também proporcionará oportunidades evangelísticas.
Prioridade 5 – Plante uma árvore frutífera (ou um jardim) (Fidelidade – 1 Coríntios 4.2).
Coisas que produzem frutos precisam de cultivo e tempo, e observar uma árvore crescer lembrará você disso. Você começou uma maratona; mantenha o ritmo.
Exemplos:
Um pastor apresentou um plano ambicioso em seus primeiros dois meses para fazer a igreja crescer através de uma estratégia de alcance agressiva: mudar-se para um local mais visível e livrar o calendário de ministérios desgastados e inúteis. Nada do que ele propôs estava errado, mas sem conquistar a confiança para liderar, ele foi embora após nove meses. Por trás dele, estava um rebanho fraturado, ferido e castigado.
Outro pastor disse que não queria fazer nenhuma mudança por um ano enquanto não aprendesse o quanto pudesse sobre as pessoas. Agora, catorze anos mais tarde, ele os havia guiado por muitas mudanças que foram conquistadas por sua fidelidade publicamente no púlpito e, privadamente no ministério pessoal.
James Boice uma vez disse que normalmente superestimamos o que podemos fazer em um ano, mas subestimamos o que pode ser feito em dez. Se você é um pastor novinho em folha, defina agora as prioridades que, pela graça de Deus, darão frutos daqui a dez anos.
Bob Johnson
Ontem a congregação “instalou” você como o pastor da igreja. (Isso soa como algo que você faz a uma máquina de lavar louça, não é mesmo?). Houve orações, abraços, sorrisos, música, comida, fotos e agora é segunda-feira. Por onde você começa? Você sabe que precisa preparar excelentes sermões, discipular membros da igreja e fazer evangelismo. Mas como você de fato começa? O que você deveria fazer no seu primeiro dia?
Em certo sentido, você não deveria fazer absolutamente nada. Não, não fique em casa assistindo futebol. Só não pense que você precisa mudar tudo em três meses. Você pode ter o título, mas a posição de pastor é tanto conquistada quanto concedida. Há muito o que aprender a respeito da sua igreja antes de começar a fazer mudanças. Além do mais, Cristo prometeu que ele edificaria a sua igreja. Você não precisa tentar fabricar crescimento.
Com isso em mente, aqui estão cinco prioridades que você deve trazer para o seu primeiro dia de ministério.
Prioridade 1 – Aprenda tudo o que você puder sobre as suas ovelhas
(Envolvimento – 1 Pedro 5.1-4).
Você é um pastor. Bons pastores são tão próximos às suas ovelhas, que cheiram a ovelhas, e eles as conhecem pelo nome. Sugestões: Leia as minutas de assembleias administrativas passadas. Aprenda tudo o que puder sobre a fundação da igreja. Qual era a declaração doutrinária original? Houve alguma revisão da declaração ou da confissão da igreja? Se sim, por quê? A igreja já sofreu divisão? Há alguma questão não resolvida?
Torne-se familiar dos "veteranos". Eles podem dar a você grande ajuda. Questione-os sobre tradições, histórias, políticas, etc. Desenvolva perguntas para fazer a cada membro da congregação, a fim de avaliar a saúde espiritual deles. O envolvimento que você ganha — e a confiança que você conquista — pode até mesmo ser mais valioso do que a informação que você juntará.
Prioridade 2 – Gaste tempo com a sua liderança (Humildade – Filipenses 2.5-8).
Sugestões: Visite seus líderes em seus locais de trabalho. Descubra a respeito de suas famílias, sua história, seus dons e seus pontos fortes em liderança. Faça a eles as perguntas que você está planejando fazer à congregação. Pergunte a eles pelo que você pode orar, e como você pode melhor servir a igreja. Peça a avaliação deles sobre a saúde da congregação. Tenha uma lista de livros pronta para sugerir que eles leiam. Planeje um retiro com eles para que você aprenda mais sobre eles e eles sobre você. Diga a eles o que você espera aprender sobre a congregação. Discuta a história com eles. Quais eventos deveriam ser celebrados? Compartilhe as suas conversas evangelísticas. Envie e-mails para eles diariamente.
Servir os seus líderes servirá de modelo para eles sobre como servir a igreja. As primeiras pessoas que você tem de discipular são os seus líderes. Eles irão discipulá-lo também.
Prioridade 3 – Planeje a sua pregação (Os meios de Deus para o crescimento – Romanos 10.17).
Explicar e aplicar fielmente as Escrituras terá mais impacto na sua igreja do que qualquer outra coisa que você puder fazer. Pregar é a sua prioridade número 1, mas está listada aqui como número 3 por conta da progressão da linha de pensamento. A informação que você reunir influenciará no seu plano de pregação.
Visto que o evangelho é fundamental para louvor, evangelismo, discipulado, resolução de conflitos, casamentos e todas as outras situações com que a sua igreja lida, considere uma série inicial de exposições do Evangelho de Marcos ou 1 João. Esteja preparado todas as vezes que você pregar e pregue sermões excelentes.
Prioridade 4 – Encontre-se com pessoas que não estão na sua igreja
(Considerar outros – Filipenses 2.4).
Encontre-se com pastores da região. Eles podem dar a você as impressões que têm da sua igreja e informações a respeito da comunidade. Considere orar publicamente por esse pastor e sua igreja no domingo seguinte.
Encontre-se com funcionários públicos da cidade. Quais mudanças estão acontecendo na comunidade? Quais são as necessidades que eles veem nela? Existe algo pelo que você possa orar? Existe algo que a sua igreja possa fazer?
Visite os vizinhos. Apresente-se às pessoas à sua volta. É impressionante o quanto você pode aprender, e ainda poderá conquistar muita confiança da qual vai precisar.
Embora as informações que você reunir desses indivíduos venham a ser úteis, procurá-los também proporcionará oportunidades evangelísticas.
Prioridade 5 – Plante uma árvore frutífera (ou um jardim) (Fidelidade – 1 Coríntios 4.2).
Coisas que produzem frutos precisam de cultivo e tempo, e observar uma árvore crescer lembrará você disso. Você começou uma maratona; mantenha o ritmo.
Exemplos:
Um pastor apresentou um plano ambicioso em seus primeiros dois meses para fazer a igreja crescer através de uma estratégia de alcance agressiva: mudar-se para um local mais visível e livrar o calendário de ministérios desgastados e inúteis. Nada do que ele propôs estava errado, mas sem conquistar a confiança para liderar, ele foi embora após nove meses. Por trás dele, estava um rebanho fraturado, ferido e castigado.
Outro pastor disse que não queria fazer nenhuma mudança por um ano enquanto não aprendesse o quanto pudesse sobre as pessoas. Agora, catorze anos mais tarde, ele os havia guiado por muitas mudanças que foram conquistadas por sua fidelidade publicamente no púlpito e, privadamente no ministério pessoal.
James Boice uma vez disse que normalmente superestimamos o que podemos fazer em um ano, mas subestimamos o que pode ser feito em dez. Se você é um pastor novinho em folha, defina agora as prioridades que, pela graça de Deus, darão frutos daqui a dez anos.
quarta-feira, 7 de maio de 2014
Lutando Contra a Ansiedade
John Piper
Devemos seguir o modelo de Jesus e Paulo. Devemos combater a incredulidade da ansiedade com as promessas de graça futura. Quando estou ansioso sobre algum novo empreendimento arriscado ou reunião, eu luto contra a incredulidade com uma das minhas promessas mais frequentemente utilizada, Isaías 41:10. O dia em que saí para passar três anos na Alemanha, meu pai me ligou de longa distância e me deu essa promessa ao telefone. Ao longo dos três anos, eu devo ter citado isso para mim quinhentas vezes, para conseguir passar por períodos de tremendo estresse. “Não temas, porque eu sou contigo; não te assombres, porque eu sou o teu Deus; eu te fortaleço, e te ajudo, e te sustento com a minha destra fiel” (Isaías 41:10). Quando o motor da minha mente está em ponto morto, o sussurro das engrenagens é o som de Isaías 41:10.
Quando estou ansioso quanto ao meu ministério ser inútil e vazio, eu luto contra a incredulidade com a promessa de Isaías 55:11. “Assim será a palavra que sair da minha boca: não voltará para mim vazia, mas fará o que me apraz e prosperará naquilo para que a designei”.
Quando estou ansioso quanto a ser muito fraco para fazer o meu trabalho, eu luto contra a incredulidade com a promessa de Cristo: “A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza” (2 Coríntios 12:9).
Quando estou ansioso quanto a decisões que tenho que tomar em relação ao futuro, eu luto contra a incredulidade com a promessa: “Instruir-te-ei e te ensinarei o caminho que deves seguir; e, sob as minhas vistas, te darei conselho” (Salmo 32: 8).
Quando estou ansioso quanto a encarar adversários, eu luto contra a incredulidade com a promessa: “Se Deus é por nós, quem será contra nós”? (Romanos 8:31).
Quando estou ansioso quanto ao bem-estar das pessoas que amo, eu luto contra a incredulidade com a promessa de que, se eu, sendo mau, sei como dar boas coisas aos meus filhos, quanto mais “vosso Pai, que está nos céus, dará boas coisas aos que lhe pedirem” (Mateus 7:11). E eu luto para manter meu equilíbrio espiritual com a lembrança de que não há ninguém que tenha deixado casa, ou irmãos, ou irmãs, ou mãe, ou pai, ou filhos, ou terras, por amor de Cristo, que “não receba, já no presente, o cêntuplo de casas, irmãos, irmãs, mães, filhos e campos, com perseguições; e, no mundo por vir, a vida eterna” (Marcos 10:29-30).
Quando estou ansioso quanto a estar doente, eu luto contra a incredulidade com a promessa: “Muitas são as aflições do justo, mas o SENHOR de todas o livra” (Salmo 34:19). E eu tomo a promessa com tremor: “a tribulação produz perseverança; a perseverança, experiência; e a experiência, esperança. Ora, a esperança não confunde, porque o amor de Deus é derramado em nosso coração pelo Espírito Santo, que nos foi outorgado” (Romanos 5:3-5).
Quando estou ansioso quanto a estar envelhecendo, eu luto contra a incredulidade com a promessa: “Até à vossa velhice, eu serei o mesmo e, ainda até às cãs, eu vos carregarei; já o tenho feito; levar-vos-ei, pois, carregar-vos-ei e vos salvarei” (Isaías 46:4).
Quando estou ansioso quanto a morrer, eu luto contra a incredulidade com a promessa de que “nenhum de nós vive para si mesmo, nem morre para si. Porque, se vivemos, para o Senhor vivemos; se morremos, para o Senhor morremos. Quer, pois, vivamos ou morramos, somos do Senhor. Foi precisamente para esse fim que Cristo morreu e ressurgiu: para ser Senhor tanto de mortos como de vivos” (Romanos 14:7-9).
Quando estou ansioso de que eu possa naufragar da minha fé e me afastar de Deus, eu luto contra a incredulidade com as promessas: “Estou plenamente certo de que aquele que começou boa obra em vós há de completá-la até ao Dia de Cristo Jesus” (Filipenses 1:6) e “também pode salvar totalmente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles” (Hebreus 7:25).
Esse é o modo de vida que eu ainda estou aprendendo, enquanto entro na minha sétima década. Eu escrevo este livro na esperança, e com a oração, de que você se unirá a mim. Façamos guerra, não contra outras pessoas, mas contra a nossa própria incredulidade. Ela é a raiz da ansiedade, a qual, por sua vez, é a raiz de tantos outros pecados. Por isso, liguemos os nossos limpadores de para-brisa e usemos o jato de água, e mantenhamos os olhos fixos nas promessas grandes e preciosas de Deus. Tome a Bíblia, peça ajuda ao Espírito Santo, coloque as promessas em seu coração e combata o bom combate – viver pela fé na graça futura.
sexta-feira, 25 de abril de 2014
Fé ou Arrependimento: o que vem primeiro?
Sinclair Ferguson
Quando o evangelho é proclamado, à primeira vista parece que duas diferentes respostas, até mesmo alternativas, são necessárias. Às vezes o chamado é “Arrependa-se!”. Assim, “apareceu João Batista pregando no deserto da Judéia e dizia: ‘Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus’” (Mt 3.1-2).
Novamente, Pedro insta com os ouvintes cujas consciências foram abertas no dia do Pentecoste: “Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo” (At 2.38). Mais tarde, Paulo insta com os atenienses para se arrependerem em resposta à mensagem do Cristo ressurreto (At 17.30).
Ainda assim, em outras ocasiões, a resposta apropriada ao evangelho é: “Creia!”. Quando o carcereiro filipense perguntou a Paulo o que ele deveria fazer para ser salvo, o apóstolo disse a ele: “Crê no Senhor Jesus e serás salvo” (At 16.31).
Mas não há mistério ou contradição aqui. Mais adiante em Atos 17, descobrimos que precisamente onde a resposta do arrependimento era necessária, aqueles que foram convertidos são descritos como crentes (At 17.30, 34).
Qualquer confusão é certamente resolvida pelo fato de que quando Jesus pregou “o evangelho de Deus” na Galiléia, ele instou aos seus ouvintes: “O tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo; arrependei-vos e crede no evangelho” (Mc 1.15). Aqui o arrependimento e a fé estão unidos. Eles denotam dois aspectos na conversão que são igualmente essenciais. Assim, cada termo sugere a presença do outro, pois cada realidade (arrependimento ou fé) é sine qua non da outra.
Em termos gramaticais, portanto, as palavras arrepender e crer funcionam como uma sinédoque — uma figura de linguagem na qual uma parte é usada para referir-se ao todo. Portanto, arrependimento sugere fé e fé sugere arrependimento. Um não pode existir sem o outro.
Mas, logicamente, o que vem primeiro?
O arrependimento?
A fé?
Ou nenhum possui uma prioridade absoluta?
Houve prolongados debates no pensamento reformado sobre isso.
Cada uma das três possíveis respostas têm seus defensores:
Primeiro, W.G.T. Shedd insistiu que a fé deve preceder o arrependimento seguindo a ordem de natureza: “Embora a fé e o arrependimento sejam inseparáveis e simultâneos, ainda assim, em ordem de natureza, a fé precede o arrependimento” (Dogmatic Theology, 2.536). Shedd argumentou isso alegando que o poder motivador para o arrependimento reside na compreensão da fé da misericórdia de Deus. Se o arrependimento precedesse a fé, tanto o arrependimento quanto a fé seriam legais em caráter, e se tornariam pré-requisitos para a graça.
Segundo, Louis Berkhof parece ter tomado a posição contrária: “Não há dúvida de que, logicamente, o arrependimento e o conhecimento do pecado precedem a fé que se entrega a Cristo em amor confiante” (Systematic Theology, p. 492).
Terceiro, John Murray insistiu que essa questão levanta:
... uma pergunta desnecessária e a insistência fútil de que uma precede à outra. Não há prioridade. A fé que é para a salvação é uma fé penitente, e o arrependimento que é para a vida é um arrependimento crente [...] fé salvífica é permeada de arrependimento, e arrependimento é permeado de fé salvífica. (Redemption — Accomplished and Applied, p. 113).
Essa é, certamente, a perspectiva mais bíblica. Não podemos separar o desviar-se do pecado em arrependimento e o converter-se a Cristo em fé. Ambos descrevem a mesma pessoa na mesma ação, mas a partir de perspectivas diferentes. Sob um ângulo (arrependimento), a pessoa é vista em relação ao pecado; de outro (fé), a pessoa é vista em relação ao Senhor Jesus. Mas o indivíduo que simultaneamente confia em Cristo se desvia do pecado. Ao crer, ele se arrepende, e ao arrepender-se, ele crê. Talvez R. L. Dabney expresse isso melhor quando ele diz que arrependimento e fé são graças “gêmeas” (talvez possamos dizer “gêmeas siamesas”).
Mas tendo dito isso, de maneira nenhuma dissemos tudo o que há para se dizer. Entrelaçada com qualquer teologia da conversão repousa uma psicologia da conversão. Em qualquer indivíduo, ao nível da consciência, pode predominar um senso de arrependimento ou de confiança. O que é unificado teologicamente pode ser psicologicamente diverso. Assim, um indivíduo profundamente convencido da culpa e da escravidão do pecado pode experimentar o desviar-se dele (arrependimento) como uma marca predominante em sua conversão. Outros (cuja experiência de convencimento se aprofunda após a conversão) podem ter um senso predominante da maravilha do amor de Cristo, com menos agonia na alma no nível psicológico. Aqui o indivíduo está mais consciente da confiança em Cristo do que do arrependimento do pecado. Mas na verdadeira conversão, um não pode existir sem o outro.
Os pontos psicológicos que acompanham a conversão assim variam, dependendo às vezes da ênfase predominante do evangelho que é exposta ao pecador (a perversidade do pecado ou a grandeza da graça). Isso é bastante coerente com o perspicaz comentário dos Teólogos de Westminster sobre o fato de que a fé (isto é, a resposta confiante do indivíduo à palavra do evangelho) “age em conformidade com aquilo que cada passagem [da Escritura] contém em particular” (CFW 14.2)1.
De maneira nenhuma, entretanto, a real conversão pode acontecer à parte da presença tanto do arrependimento quanto da fé, e, portanto, da alegria e da tristeza. Uma “conversão” em que não há tristeza pelo pecado, que recebe a palavra apenas com alegria, será temporária.
A parábola de Jesus sobre o semeador é instrutiva aqui. Em um tipo de solo, a semente brota rapidamente, mas morre repentinamente. Isso representa os “convertidos” que recebem a palavra com alegria — mas com nenhum senso de estar sendo arado pela convicção do pecado ou qualquer dor no desviar-se do mesmo (Mc 4.5-6, 16-17). Por outro lado, uma conversão que é apenas tristeza pelo pecado, sem nenhuma alegria pelo perdão, provará ser apenas “tristeza do mundo” que “produz morte” (2Co 7.10). No fim, não dará em nada.
Isso, contudo, levanta a última questão: a necessidade do arrependimento na conversão constitui um tipo de obra que vai contra a fé sem obras? Ela compromete a graça?
Em uma palavra, não. Pecadores devem sempre achegar-se de mãos vazias. Mas esse é justamente o ponto. Por natureza, minhas mãos estão cheias (de pecado, do ego e das minhas próprias “boas obras”). Contudo, mãos que estão cheias não conseguem agarrar-se a Cristo em fé. Ao invés disso, quando elas agarram nele, elas são esvaziadas. Aquilo que nos impedia de confiar nele, inevitavelmente cai no chão. O velho estilo de vida não pode ser retido nas mãos que estão agarrando o Salvador.
Sim, arrependimento e fé são dois elementos essenciais na conversão. São graças gêmeas que não podem ser separadas. Como João Calvino bem nos lembra, isso é verdadeiro não apenas no início, mas durante toda a nossa vida cristã. Nós somos crentes penitentes e penitentes crentes durante todo o caminho em direção à glória.
terça-feira, 22 de abril de 2014
Um intenso sacrifício a Deus – Pastor se sacrificou no Titanic para evangelizar.
No dia 10 de abril de 1912, o navio Titanic partiu de Southampton, no Reino Unido, para sua viagem inaugural, que seria também sua última viagem. Porém, quarto dias após iniciar sua viagem, o navio se chocou em um iceberg e naufragou, entrando de maneira triste na história como a maior catástrofe marítima de todos os tempos ceifando a vida de 1.517 pessoas.
Entre as milhares de pessoas que perderam suas vidas no trágico acidente está o reverendo John Harper, que viajava para fazer uma visita e pregar na Moody Church em Chicago. Porém, devido ao trágico fim da viagem inaugural do Titanic, Harper nunca chegou ao seu destino, mas teve os momentos finais do navio como seu último campo missionário.
John Harper nasceu em uma família de cristãos devotos em 29 de maio de 1872, em Renfrewshire, na Escócia. Aos 13 anos professou a fé em Cristo e começou a se dedicar às Escrituras com um zelo pelas almas era tão intenso que aos 17 anos já estava pregando nas esquinas de sua cidade natal, enquanto se sustentava trabalhando em uma fábrica local. Depois de pregar na rua por cinco ou seis anos, ele foi ouvido pelo Rev. EA Carter da Missão Batista Pioneira em Londres, que o convidou a trabalhar em temo integral em Goven, na Escócia.
Na época de sua viagem a Chicago, Harper havia decidido reservar passagens no navio RMS Lusitania, mas, com o cancelamento da viagem desse navio reservou passagens de segunda classe no próximo navio que partiria para os Estados unidos. Então, em 10 de abril de 1912, ele embarcou no RMS Titanic junto à sua filha de 6 anos, Annie Jessie, e sua sobrinha, Jessie Wills Leitch.
Então, na noite do dia 14 de abril, o rev. Harper foi despertado pelo som do iceberg rasgando o casco do navio. Ele acordou sua filha, envolveu-a em um cobertor e, quando se tornou evidente que o navio afundaria, com lágrimas nos olhos, ele beijou sua filha, e a entregou junto de sua sobrinha a um tripulante que as colocou em um bote salva-vidas.
Como Annie e Jessie entraram no bote salva-vidas e estavam em segurança, Harper virou-se e olhou para o seu novo campo de missão: o grande número de pessoas que teriam poucos momentos de vida por causa do naufrágio. Testemunhas relatam que após o navio se partir e cerca de 1500 pessoas serem lançadas às águas geladas do mar, o rev. Harper passou seus últimos momentos nadando de pessoa para pessoa perguntando sobre o estado de suas almas e proclamando a verdade do evangelho, especialmente por meio de Atos 16:31.
Harper nadou até um homem que estava agarrado a um pedaço dos destroços e lhe perguntou: “Você está salvo?” O homem respondeu que não. Ao ouvir isso, Rev. Harper tentou levar o homem a Cristo, mas o homem recusou. Rev. Harper tirou o colete salva-vidas e deu para o homem e disse: “Aqui, então, você precisa disso mais do que eu …”, e nadou para evangelizar os outros. Um pouco mais tarde, Harper voltou a esse homem e tentou novamente o conduzir a Cristo. Rev. Harper tentou nadar para os outros, mas dessa vez começou a sucumbir à hipotermia. Suas últimas palavras foram: “Creia no Senhor Jesus, e serão salvos, você e os de sua casa”.
A história do reverendo John Harper só se tornou conhecida porque esse homem para o qual entregou seu colete foi um dos seis sobreviventes que foram retirados das águas geladas. Ele conta, segundo o site leben: “Então, com dois quilômetros de água abaixo de mim, no meu desespero eu chorei a Cristo para me salvar. … Eu sou o último convertido de John Harper”.
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