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sábado, 18 de julho de 2015

QUEIMAVA E NÃO SE CONSUMIA


Por

Alexandre Amin

A sarça ardente tem sido o símbolo popular entre as igrejas reformadas ao redor do mundo.
Os huguenotes franceses em 1583 foram os primeiros a usá-la como símbolo, juntamente com o moto “flagror non consumor”.
Mas foi na Escócia que o símbolo ganhou maior visibilidade, quando usado em 1691, depois das intensas disputas entre a monarquia e os aliancistas, juntamente com o moto latim “nec tamen consumebatur” – “queimava e não se consumia”.

Este dizer é uma referência ao episódio relatado no livro de Êxodo, no capítulo 3, quando Moisés encontrou uma sarça (arbusto, espinheiro) que ardia em chamas, mas que não era consumida pelo fogo. O Anjo do Senhor apareceu nas chamas de fogo, no meio da sarça. Em primeiro lugar, asseverou sobre a santidade do lugar em que Moisés estava, pois estava na presença de Deus. Em segundo lugar, revelou sua identidade: “Eu sou o Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó” (v. 6); Moisés escondeu o rosto, porque temeu olhar para Deus. Em terceiro lugar, o Senhor revelou o propósito deste encontro inesperado, a libertação do seu povo, que estava sendo afligido por séculos no Egito e clamava a Deus por causa deste sofrimento.

É sugerido que os grupos reformados passaram a utilizar a sarça ardente como emblema, numa referência às grandes lutas que a Igreja passava a fim de resgatar os ensinamentos de Cristo e dos apóstolos. No séc. XVI, João Calvino entendeu o relato da sarça ardente como uma representação do povo de Deus, da Igreja que sofre em qualquer era ou lugar, mas sob a qual nem mesmo os portões do inferno podem prevalecer.

Em seu comentário aos livros de Moisés, Calvino escreveu: “A sarça é como as pessoas humildes e desprezadas; a opressão tirânica delas não é diferente do fogo que as teria consumido, se Deus não tivesse miraculosamente se interposto. Assim, pela presença de Deus, a sarça escapou segura do fogo; como é dito no Salmo 46, que embora as ondas de problemas batam contra a Igreja e ameacem a sua destruição, ‘não será abalada’, pois ‘Deus nela está’. Embora as pessoas cruelmente afligidas estejam apropriadamente representadas, aquelas que, apesar de cercadas pelas chamas e sentindo o seu ardor, permanecerem sem consumir-se, é porque foram guardadas pelo presente auxílio de Deus” (John Calvin, p. 62).

Entretanto, o fogo também é o sinal da presença de Deus, que é fogo consumidor (Hb 12.29). O milagre aponta para outro milagre ainda maior: Deus, por sua graça, está com o povo da sua aliança, de forma que eles não são consumidos.

Assim como na época da Reforma e em tantos outros momentos da História, no presente momento a Igreja enfrenta desafios complexos. De um lado, os militantes do Neo-ateísmo com suas críticas materialistas ácidas e os profetas do subjetivismo; do outro lado, as loucuras dos evangélicos, a teologia da prosperidade, o cristianismo emocional e pragmático sem Cristo e a Cruz; sem falar da teologia liberal, e das milhares de outras tendências filosóficas com cheiro de superioridade.

Tudo isso nos faria desesperar e desacreditar do futuro da Igreja. No entanto, quem sustenta a Igreja é Cristo, o verbo divino, pelo qual tudo veio a existir (Jo 1:10). Ele mesmo afirmou que as portas do inferno não prevalecerão contra a Igreja (Mt 16:18). Portanto, estamos seguros naquele que é o cabeça da Igreja. O símbolo da sarça continua sendo usado para nos lembrar que mesmo em meio às maiores aflições e dificuldades, a Igreja permanecerá de pé, pela graça de Deus, aguardando o retorno do seu Senhor.

“Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela” – Mateus 16:18.

                                                                                     Emblema da Igreja da Escócia.

                                                                         Emblema da Igreja Presbiteriana do Brasil.

                                                        Emblema do Seminário José Manoel da Conceição.


Fonte:http://diarioreformado.com/

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