por
André Aloísio
A obra da evangelização tem algumas pressuposições básicas que devem ser adotadas para que ela seja feita de maneira bíblica e eficaz. A não adoção dessas pressuposições traz implicações trágicas que comprometem totalmente a obra evangelística. Segue uma lista com cada uma dessas pressuposições básicas para a evangelização e uma rápida análise das terríveis implicações da não adoção de cada uma delas.
1. A inspiração, inerrância e autoridade das Escrituras.
Crer que as Escrituras foram inspiradas por Deus, e que, portanto, elas são a própria Palavra de Deus, é o pressuposto mais fundamental não só da evangelização, mas de todo o Cristianismo. A doutrina da inspiração, por sua vez, leva inevitavelmente à conclusão de que não há erros nas Escrituras e, portanto, elas são absolutamente autoritativas em tudo aquilo que ensinam. Não aceitar esse pressuposto compromete toda a evangelização, porque alguém que não creia que a Bíblia é a Palavra de Deus não poderá anunciá-la aos pecadores com sinceridade e em verdade. Em outras palavras, não aceitar a origem divina da Bíblia levará o indivíduo a uma pregação hipócrita, pois ele não crerá naquilo que afirma, ou a uma pregação falsa, pois ele anunciará aquilo que acredita ser a verdade, e não a Verdade que Deus revelou em Sua Palavra.
2. A universalidade do pecado.
O Evangelho é as boas novas de que Jesus Cristo salva pecadores dos seus pecados. Assim, a pregação do Evangelho pressupõe a existência do pecado. Se o pecado não existe, ou não é universal, a pregação do Evangelho torna-se desnecessária. Portanto, não adotar essa pressuposição afetará a própria essência da evangelização, que é o Evangelho. Quem não a adota deve anunciar alguma outra coisa no lugar do Evangelho, limitando-se a um discurso moral que utiliza apenas a ética das Escrituras, ou a uma pregação de auto-ajuda, na qual o próprio homem resolve os seus “conflitos”, que, afinal, não são pecados.
3. A soberania de Deus.
Sendo soberano, Deus decreta e governa todas as coisas que acontecem. Não há nada que ocorra contra a vontade soberana de Deus. Até mesmo a salvação dos filhos de Deus foi decretada, por Deus, na eternidade. A negação desse pressuposto levará o indivíduo que se dispõe a pregar o Evangelho à frustração, pois ele se deparará com várias situações adversas na evangelização, e não crer que elas estejam debaixo do controle de Deus trará grande decepção.
4. A responsabilidade humana.
Deus salva os pecadores eleitos através de meios, e o meio ordinário para isso é a pregação do Evangelho, que requer instrumentos humanos. Assim, o homem (particularmente o cristão) é responsável por evangelizar. Quem nega esse pressuposto provavelmente o fará por acreditar que ele é contrário à soberania de Deus, e a conseqüência dessa negação será uma indiferença para com a evangelização, esperando que Deus traga os Seus eleitos e deixando de ir até eles.
5. A doutrina da eleição, o propósito de Deus em salvar o Seu povo e o ministério eficaz do Espírito Santo. Deus já elegeu, na eternidade, aqueles que serão salvos. Nada poderá impedir que eles sejam salvos por Deus, nem mesmo o diabo, o mundo ou a incompetência dos missionários, pois isso está estabelecido pelo próprio propósito de Deus em salvar o Seu povo. Além do mais, o Espírito Santo aplicará essa salvação eficaz e irresistivelmente ao povo de Deus, de maneira que os eleitos virão a Cristo necessária e voluntariamente. Saber dessa verdade traz muita ousadia na evangelização, pois aquele que proclama as boas novas de salvação o faz na certeza de que aqueles que Deus escolheu certamente serão alcançados pela Palavra. Aquele que não crê nessa doutrina, por outro lado, confiará em seus próprios métodos para convencer os pecadores dos seus pecados, esperando que o arrependimento surja como resultado do próprio livre-arbítrio deles.
6. A suficiência e eficácia da obra de Cristo.
A obra de Cristo não só é suficiente para salvar totalmente o Seu povo, como também é absolutamente eficaz para cumprir esse propósito. Por isso ser verdade, Cristo pode ser apropriadamente chamado de Salvador. Quem rejeita a doutrina da expiação suficiente e eficaz terá sua evangelização seriamente comprometida, pois não poderá anunciar sinceramente que Cristo é Salvador. Se Cristo não é suficiente, alguma outra coisa precisará ser acrescentada para que sua obra tenha efeito, como a fé daqueles que serão salvos. Assim, nesse tipo de evangelização Jesus será apenas um meio Salvador.
7. O anseio pelo regresso de Cristo.
Cristo só voltará quando o Evangelho for anunciado a todas as nações. Portanto, alguém que creia e que anseia pelo Seu retorno evangelizará com muito mais ardor e dedicação. O oposto é verdadeiro a respeito daquele que não crê na volta de Jesus e, conseqüentemente, não anseia por ela. Além disso, ele terá que excluir de seu anúncio um importante aspecto da Evangelização, que é o juízo vindouro que se dará quando Cristo voltar.
8. Glorificar a Deus.
Finalmente, o motivo último pelo qual se deve pregar o Evangelho é a própria glória de Deus. Tudo o que fazemos, devemos fazer para a glória de Deus, e isso inclui a evangelização. Quem não aceita esse pressuposto procurará evangelizar com as motivações erradas, como glória pessoal, o bem estar do ser humano (em primeiro plano), lucro financeiro, a reputação de sua denominação, etc.
Enfim, a não adoção desses pressupostos básicos levará, no melhor dos casos, a uma evangelização frágil e ineficaz, e no pior dos casos, a uma falsa evangelização com um falso Evangelho. Por essa razão, aquele que se dispõe a pregar o Evangelho deve ter essas verdades bem estabelecidas em sua mente e coração, a fim de que seu testemunho seja bíblico e poderoso.
Nenhum comentário :
Postar um comentário