quinta-feira, 11 de junho de 2015
Resenha: Livro O que é o Evangelho? (Greg Gilbert)
por
André Aloísio
O livro O que é o Evangelho, de Greg Gilbert, trata de forma clara e bíblica do assunto que parece ser tão óbvio para o cristão: o Evangelho. Porém, como Gilbert enfatiza na introdução, ainda que seja um assunto fundamental para o Cristianismo e pareça desnecessário tratar dele, a grande maioria dos cristãos não sabe dar uma resposta bíblica à pergunta: o que é o Evangelho? Greg Gilbert se propõe a responder essa pergunta em oito capítulos do seu livro.
No primeiro capítulo, Gilbert procura achar o Evangelho na Bíblia. Ele lembra a importância de se procurar o Evangelho na própria Bíblia, uma vez que ela é Palavra inerrante e infalível de Deus e, como tal, a fonte de autoridade dos cristãos. Ele inicia sua busca em Romanos 1 a 4, onde há uma apresentação sistemática do Evangelho. Paulo afirma quatro coisas nessa passagem: primeiro, os seus leitores são responsáveis para com Deus; segundo, o problema dos seus leitores é que se rebelaram contra Deus; terceiro, a solução para o pecado da humanidade é a morte sacrificial e a ressurreição de Jesus; quarto, os seus leitores podem ser incluídos nessa salvação por meio da fé em Cristo. A partir disso, Gilbert encontra respostas, no âmago da proclamação do Evangelho, a quatro perguntas cruciais: primeiro, quem nos fez e diante de quem somos responsáveis? Segundo, qual é o nosso problema? Terceiro, qual é a solução de Deus para esse problema? Quarto, como alguém pode ser incluído nessa salvação? Nos quatro capítulos seguintes, Gilbert trata da resposta a cada uma dessas questões.
O capítulo 2 trata de Deus como o Criador Justo. Greg Gilbert trata de cada um desses aspectos por vez. Primeiro, Deus é o criador de todo o mundo, inclusive do homem. E o fato de que somos criados e, portanto, não somos de nós mesmos, é o fundamento da nossa responsabilidade diante de Deus. Em segundo lugar, Deus é justo e santo. Isso significa que Deus não pode deixar o pecado impune, do contrário Ele seria um juiz injusto.
O capítulo 3 apresenta o homem como pecador. Isso é uma má notícia, porque já foi dito que Deus não inocenta o culpado. O pecado entrou na história humana quando o homem desobedeceu a ordem de Deus de não comer da árvore do conhecimento do bem e do mal. Pecado é justamente a desobediência às ordens de Deus, e o pecado trouxe consequências terríveis para o primeiro casal, para os seus descendentes e para toda a criação. A consequência mais terrível foi a morte, que inclui não apenas a morte física, mas também a espiritual, a perda de comunhão com Deus. Os seus descendentes também sofreram as consequências, porque eles também são pecadores, assim como seus antepassados mais antigos. As consequências do pecado não são fruto da ausência de Deus, mas de um julgamento ativo de Deus contra o pecado, pois Ele é um Deus justo. A manifestação final do juízo de Deus contra o pecado é chamada de inferno, um lugar de sofrimento consciente e eterno.
Mas há boas notícias para o homem. No capítulo 4, Greg Gilbert mostra que Jesus Cristo é o Salvador. Essa verdade já estava presente em Gn 3.15, quando Deus disse à serpente que o descendente da mulher feriria a cabeça da serpente. Todo o restante da Bíblia é um relato de como essa promessa se desenvolveu e se cumpriu, e ela se cumpriu em Jesus Cristo. Ele é o eterno Filho de Deus, mas se tornou homem, de modo que é agora totalmente Deus e totalmente homem. Em Seu ministério passou a anunciar a vinda do Reino de Deus Nele mesmo, que é o Messias prometido. No final da Sua vida foi crucificado, levando sobre Si os pecados de pecadores e a consequente ira de Deus contra eles. Assim, Jesus foi punido no lugar de pecadores, tornando possível o perdão deles. Deus é justo e não inocenta o culpado. Mas Deus puniu o pecado em Jesus. Graças a isso, Deus pode perdoar pecadores sem ser injusto, ou como Paulo coloca, Ele pode ser, ao mesmo tempo, “justo e justificador” (Rm 3.26). E Deus mostra a Sua aprovação ao que Cristo fez ressuscitando-O dentre os mortos.
Deus providenciou uma solução para o pecado em Cristo, mas Ele exige do homem uma resposta: fé e arrependimento. É disso que trata o capítulo 5. Fé é dependência, “é uma confiança firme e inabalável, alicerçada na verdade e fundamentada na promessa de Jesus ressuscitado de nos salvar do pecado”.
Essa confiança é colocada em Jesus para se obter um veredito de justo, a justificação. E é a fé somente, não obras ou méritos humanos, que funciona como meio de alcançar a salvação. O arrependimento é o outro lado da moeda. Enquanto a fé é um voltar da face para Jesus, o arrependimento é um voltar das costas para o pecado. Um não existe sem o outro. Portanto, não é possível aceitar Jesus como Salvador e não como Senhor.
Tendo tratado das respostas às quatro perguntas cruciais, Gilbert dedica os três últimos capítulos a alguns assuntos relacionados ao Evangelho. No capítulo 6 Gilbert trata do Reino de Deus em cinco pontos. Primeiro, esse Reino é o governo redentor de Deus sobre o Seu povo. Segundo, o Reino já está aqui, pois veio a este mundo na pessoa do Senhor Jesus, mas, terceiro, ainda não está completo, pois só o será quando Jesus retornar. Quarto, a inclusão neste reino depende da resposta dada ao Rei Jesus: quando Ele diz “segue-me”, deve-se segui-lo. E finalmente, ser cidadão desse reino significa viver a vida do Reino, de um modo que honre ao Rei Jesus.
O capítulo 7 fala sobre como manter a cruz no centro. Isso é importante porque nos dias atuais há pelo menos três “evangelhos” que tem se apresentado como substitutos da cruz de Cristo. O primeiro é a afirmação “Jesus é Senhor”, a qual, ainda que seja verdadeira, não é realmente boas-novas se for divorciada da afirmação “Jesus é Salvador”. O segundo “evangelho” substituto é o esquema criação-queda-redenção-consumação, o qual é um ótimo esboço para apresentar o Evangelho, mas se torna problemático se a ênfase recair na renovação do mundo e não na cruz de Cristo. O terceiro suposto “evangelho” é a transformação cultural. Nesse ponto, Gilbert parece discordar completamente da possibilidade ou da necessidade da busca de uma transformação cultural. Se isso é assim, não é possível concordar com ele nesse ponto, porque o mandato cultural dado antes da queda, mesmo que corrompido pela queda, ainda é válido. Mesmo assim, deve-se concordar com Gilbert que a transformação cultural não é o Evangelho. A cruz deve estar no centro da proclamação do Evangelho (1Co 1.23; 2.2).
Finalmente, no capítulo 8, Gilbert fala, sob o título de “o poder do Evangelho”, sobre como o Evangelho deve afetar a vida dos seus leitores. Primeiro, ele exorta os leitores não cristãos a se arrependerem e crerem. Depois, ele exorta os leitores cristãos a descansar e se regozijar nesse Evangelho, a amar o povo de Cristo (a Igreja), a pregar o Evangelho ao mundo e a anelar pelo retorno do Senhor Jesus.
Esse é um livro claro e simples na escrita, mas com um conteúdo profundo. O Evangelho é apresentado de modo bíblico, em um estilo que pode alcançar tanto o cristão quanto o não cristão. Certamente, esse será um daqueles livros de cabeceira para este autor.
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