por
Martyn Lloyd-Jones
Na vida cristã não há nada mais importante do que saber raciocinar, argüir e deduzir do ensino escriturístico. Isso constitui uma parte essencial e vital da fé. Que é fé? Fé é, em primeira instância, uma atividade, especialmente uma atividade da mente. É aí que tendemos a errar. Temos tanta preocupação em contrastar a fé com a razão que caímos em erro. Dizemos corretamente que ninguém jamais pode fazer-se cristão por meio do seu entendimento. E então dizemos: "Logo, a fé nada tem a ver com a razão". Nesse ponto erramos. É muito importante estarmos certos quanto à relação entre fé e razão.
Isaac Watts, num conhecido dístico, diz:
Onde falha a razão, com seus poderes todos,
Lá a fé prevalece, e o amor adora a Deus.
É claro, Isaac Watts está certo. Nestes versos ele está pensando em nosso ingresso na vida cristã e no que se pode dizer sem mentir, mesmo da vida cristã, quando somos tentados e caímos, recorremos de novo à razão "natural", em lugar da razão da fé. Na "vida de fé" a razão e o argumento um papel de vital importância. Mas não se trata da velha espécie de razão e de argumento; é o exercício do raciocínio com fé, o raciocínio que vem da fé, o raciocínio para a fé. "A fé", diz-nos a palavra, "é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não vêem" (Hebreus 11:1). Significa que temos certas declarações e que deduzimos outras coisas delas. Há toda diferença do mundo entre confiar somente na razão, em detrimento da fé, e a fé que raciocina e argumenta, fé que o apóstolo está acionando nesta seção.
Entretanto, deixem que mencione outro perigo, o perigo de ficarmos demasiado confiantes em nossos sentimentos. A fé leva aos sentimentos e os inclui, porém os sentimentos não vêm em primeiro lugar. O primeiro elemento da fé é intelectual; o emocional segue-se a ele. Como diz uma frase de um salmo: "Provai, e vede que o Senhor é bom" (Salmo 34:8). Você só pode ver depois de ter provado. Devemos entender claramente qual é a posição que os sentimentos ocupam. Não devemos confiar demais neles, nem tampouco os devemos excluir. A fé é como andar numa faca de dois gumes; se você for longe demais dos dois lados, terá problemas.
Então, que é fé?
Fé realmente significar crer em Deus, fé em tudo o que ele diz sobre o que Ele fez por nós.
Não mais dispomos da referência bibliográfica.
Este artigo foi publicado no antigo portal Textos da Reforma
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