Mauro Meister
Qual era a atuação do Espírito Santo nos crentes no tempo do Antigo Testamento?
Como era operada a salvação dos crentes no tempo do Antigo Testamento?
O Espírito Santo age de forma diferente nas duas dispensações (AT e NT)?
Se age, qual a diferença na sua atuação e ministérios?
Existe material suficiente no AT sobre o Espírito?
Posições sobre o assunto:
1. Continuidade: Regenerados e habitados
2. Mais continuidade do que descontinuidade: Diferenças reconhecidas, mas não vistas como fundamentais
3. Alguma continuidade e alguma descontinuidade: Regenerados, mas não habitados
4. Mais descontinuidade do que continuidade: Recebem a operação e, por inferência seu Espírito, mas não são habitados.
5. Descontinuidade: O Espírito nada tem a ver com a fidelidade dos crentes da Antiga Aliança.
6. Descontinuidade vaga: Habitação negada mas a regeneração não é levantada
Um ponto de vista comum é que não havia a habitação do Espírito nos crentes do AT. O Espírito somente vinha ‘sobre’ os crentes para tarefas especiais, mas não habitava nos crentes. Esse ponto de vista normalmente afirma também que o AT era o tempo da Lei e o NT o tempo da graça. Contudo, creio que há mais continuidade do que descontinuidade.
Claro no NT; como semente no AT
A teologia reformada afirma que há somente uma forma de salvação, uma operação da Graça, uma só fé, um só Evangelho, a atuação básica do Espírito é a mesma nos dois Testamentos, continuidade dos sacramentos. A santificação sempre foi pela graça e a regeneração pelo Espírito. Para a teologia reformada, não se divide o AT como o tempo da Lei e o NT o tempo da graça, mas somente um pacto da graça sob várias dispensações. Toda humanidade está sob a Lei e, depois da queda, sob a maldição da Lei e todos os crentes sob a Graça e livres da maldição da Lei, no Novo e no Antigo Testamento.
Assim como a doutrina da Trindade, percebemos que várias doutrinas se encontram de forma clara no Novo Testamento, mas isso não significa que estão ausentes no Antigo. Elas estão lá em sua forma seminal. Isso é reflexo da revelação ser progressiva.
Doutrinas claras no NT e como semente no AT:
• Salvador: 1 Tm 2:5; Is 43:11
• Graça/Misericórdia: Rm 3:24; Sl 6:4
• Fé: Rm 3:28; Gn 15.6
• Evangelho: Rm 1:16; Gl 3:8-9
• Sacramentos: Lc 22:15; Gn 17:10
• Regeneração: Tt 3.5 Jo 3:5-7
• (Nicodemus era um membro da antiga aliança)
• Santificação: 2Ts 2.13; Lv 20.7
• Habitação do Espírito: Rm 5.5; ????
E quanto à habitação? Devemos lembrar que o Espírito é a terceira pessoa da Trindade e é onipresente, então o que significa afirmar que ele está ausente? Significa que ele não age? Mas o Espírito age tanto em crentes como incrédulos, mesmo que de forma diferente, afinal é a ação dele sobre incrédulos que traz a conversão.
Então, por dedução, da clara doutrina no NT, podemos dizer que sim o Espírito habitava nos crentes do AT.
Alguns textos que são usados para ‘indicar’ a ausência do Espírito são:
• Tendo-se retirado de Saul o Espírito do SENHOR, da parte deste um espírito maligno o atormentava. (1Sm 16.14)
• Não me repulses da tua presença, nem me retires o teu Santo Espírito. (Salmo 51.11)
Mas se o Espírito não estava presente, como Davi poderia clamar e ensinar (salmo didático): “Bem-aventurado aquele cuja iniquidade é perdoada, cujo pecado é coberto. Bem-aventurado o homem a quem o SENHOR não atribui iniquidade e em cujo espírito não há dolo… Confessei-te o meu pecado e a minha iniqüidade não mais ocultei. Disse: confessarei ao SENHOR as minhas transgressões; e tu perdoaste a iniqüidade do meu pecado.”
Na próxima palestra responderemos melhor os textos citados acima e veremos mais sobre as dificuldades em se afirmar a habitação do Espírito.
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