por
JOSEMAR BESSA
William Bridge, um pastor Puritano do século XVII, escreveu uma obra com o propósito de encorajar quem está sob desânimo e depressão. Nesta obra ele fala, em um dos capítulos, sobre o desânimo na luta contra o pecado.
Uma das razões que ele dá para não ficar desanimado nesta luta contra o pecado, é que o próprio desânimo é um pecado contra o evangelho. A pessoa pergunta: “Eu não deveria estar desanimado e ser desencorajado por causa de tal pecado?” – Bridge responde: “Não, pois o desânimo em si é um pecado, um outro pecado adicionado, um pecado contra o evangelho”. O grande problema com o desânimo aqui, é que ele duvida do poder do evangelho. O desânimo aqui evidencia que se acredita que o poder do pecado é maior do que o poder do evangelho. Poder não só para perdoar e purificar, como também de livrar da tirania do pecado, vivendo uma vida vitoriosa sobre ele, de obediência aprazível a Deus.
Para um homem de fato regenerado, que está em Cristo, que tem uma nova natureza que ama a Deus e sua Palavra, que anseia por uma vida de obediência e santidade... há muitos encorajamentos. Firmado nos quais, o homem regenerado luta e combate contra a carne, satanás, o mundo...
A) Você nunca será condenado por seu pecado, porque Cristo foi condenado por você.
Uma vez que Cristo foi feito pecado por seus eleitos, seus santos... Bridge argumenta: “...o pecado não lhes fará dano aqui” – Ele cita Lutero que escreveu: “Cristo foi feito pecado... foi condenado... pagou... pagou por mim” – Isso lança fora o desânimo e nos prepara para uma luta vitoriosa na vida de obediência e sujeição a Deus.
B) Você nunca será abandonado por Deus se está em Cristo, ainda que perca a percepção da presença de Deus por causa do pecado.
“Seu pecado”, diz Bridge, “mas nunca colocar Deus contra você. A aliança de misericórdia de Deus com o seu povo é inalterável. Você vai ser disciplinado por causa do pecado ( se um homem é deixado em seu pecado sem disciplina, não é filho, pois não há filho que Deus não discipline), mas nunca vai experimentar a ira de Deus por causa dele. O conforto da percepção da presença pode ser perdida, mas o privilégio ( de um homem regenerado) permanece. O que leva a verdadeiro arrependimento e contínuo prosseguimento para o ‘alvo da soberana vocação’”
C) Sua capacidade (poder) para pecar, não é tão forte quanto o poder de Deus para perdoar, purificar e santificar. Bridge pegunta: “É os seu pecado tão grande como Deus, tão grande como Cristo? Jesus é apenas mediador de pequenos pecados? Você é capaz de derrubar a satisfação proporcionada pelo sangue de Cristo ou a misericórdia de Deus? Davi pecou grandemente, confessou sincera e profundamente, sofreu disciplina... mas seus grandes pecados foram perdoados... o seus também serão”.
D) Todos os mandamentos que teu pecado quebrou (homem regenerado) tem promessas ligadas a eles.
Bridge afirma: “Deus uniu mandamento e promessa, a promessa e o mandamento nascem gêmeos. Nunca há um mandamento que não tenha uma promessa anexada. Uma promessa de ajuda, da capacitação, de aceitação e recompensa. Se você olhar para o mandamento sem a promessa (aos Seus filhos), então você vai entrar em desespero. Mas se você olhar para a promessa sem o mandamento, você irá presumir e tratar o pecado da forma como uma homem em inimizade com Deus trata e não como um filho que o ama e em tudo deseja honrá-lo. Mas se você olhar para o mandamento e promessa junto, você certamente será humilhado, mas jamais desencorajado.
E) Você deve ser humilhado por seus pecado, mas não pressionados ao desânimo, porque Deus é um Pai que perdoa.
Bridge prossegue: “Deus não está satisfeito com o sofrimento e a dor, Deus não está satisfeito com a tristeza pela tristeza... O objetivo deles é a cada dia vermos o amargor do pecado, para nos levar a viver uma vida que em tudo honre Cristo, para nos afastar dos falsos prazeres da criatura perdida, para revelar a maldade em nossos corações...”
Ou seja, a diferença entre a humildade sobre o pecado e a depressão sobre o pecado, é a diferença entre uma visão centrada em Deus e uma visão centrada no homem.
Uma visão antropocêntrica do pecado traz poderoso desencorajamento, porque é focado numa condição própria de capacitação humana e na busca de algo feito pelo próprio poder do homem que o faça aceitável diante de Deus.
Por outro lado, a visão do pecado que é centrada em Deus, estão voltadas para a visão de que o pecado rouba a glória de Deus... tem Deus como o centro... Desde que o pecado é contra Deus e que esse Deus se revelou para nós como um Deus perdoador, o pecado é completamente humilhante para o coração regenerado, mas não traz o desânimo fruto do coração orgulhoso e que se sentia capaz em si mesmo.
O desânimo só vê Deus como juiz, enquanto a humildade e humilhação verdadeira vê Deus como justo Juiz e Pai amoroso. Humildade e desânimo, então, tem uma relação inversa.
William Bridge afirma: “...quanto mais você está desanimado, menos humilhado você está, e quanto mais humilhado você está, menos desanimado estará.” Por isso na busca de uma vida que cresce em santidade, está a busca da verdadeira humildade, que flui da contínua busca de conhecer mais e mais a Deus.
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